ANSELMO FRAGA ou
ATUALPA BARBOSA LIMA,
espírita.
Em um subúrbio de Fortaleza, no bairro
Barro Vermelho, nasceu Atualpa Barbosa Lima no dia 19 de janeiro de
1894, tendo como pais o capitão Norberto Barbosa Lima e a professora Sabina da
Cunha Barbosa Lima, sendo o terceiro de uma família de 10 filhos (Maria,
Aristófanes, Atualpa, Georgina, Maria Augusta, Roberto, Norberto, Maria Isaura,
Joanita e Judite). Médico
formado pela Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, em 1918, Atualpa exercia
a profissão de forma competente e humanitária, atuando como clínico e
cirurgião. Manteve consultório nos municípios de Baturité, Camocim, Sobral,
onde ocupou o cargo de chefe do serviço de profilaxia, e, por fim, na capital
do Estado. Em uma época em que eram raros os especialistas, ele
consolidou sua presença nos campos da Neurologia, tratando e curando alguns
paralíticos, e da Leprologia, cujo tratamento Atualpa tornou-se um dos
pioneiros em sua terra natal. Seu consultório apresentava uma placa com
os seguintes dizeres: "Clínico Geral - Médico Operador e Parteiro -
Exame de Olhos", que demonstravam a habilidade que, por todo seu
trabalho na área de Saúde, passou a ser considerado um dos expoentes da
classe médica, sendo chamado por muitos de "Bisturi de Ouro". Jovem e
idealista, Atualpa demonstrava ser incansável, mesmo após grandes vitórias
conquistadas na profissão. Ansiava demonstrar o seu valor e conquistar novos
louros em outros setores da vida intelectual. Para isso, colaborou na imprensa,
militou na política e cultivou as belas-letras. No jornalismo, teve notável
atuação, publicando artigos vibrantes nas colunas do Correio do Ceará. Na política, tentou, em
vão, galgar uma posição de relevo, candidatando-se a deputado à Assembléia
Legislativa, sendo eleito e não reconhecido.
Literato, escreveu e publicou, sob o
pseudônimo de Anselmo Fraga, o livro MEMÓRIAS DE UM LEPROSO, em 1925, cujos
recursos levantados com a venda foram revertidos em prol do Leprosário Antônio
Diogo. No livro, ele descreveu, em forma de diário, as dores físicas e a
tragédia moral de um desgraçado sem salvação e sem esperança. Todos os horrores
sofridos por um ser humano mais infortunado, pustulento e desesperado, são
apresentados nos capítulos breves, naturais e comoventes. Um inferno de chagas
e lágrimas, pintado com as tintas da verdade e da compaixão, é o que se enxerga
por meio das linhas impressas no livro do médico escritor, cuja pena era tão
brilhante quão eficiente o seu bisturi. No preâmbulo estão gravadas duras
frases: "O leproso é o trapo humano!Tende compaixão da sua dor, a maior de
todas, pelo angustiado desespero que o cerca. Fugi do seu contacto, pois é ele
o portador do mal da morte".
No epílogo, o escritor colocou: "Já
não posso mais escrever as minhas memórias. A vista dantes tão clara, escurece
a cada instante. Tenho a impressão nítida da morte, que já me não apavora como
anteriormente. É com absoluta serenidade que a receberei....
Também falta muito pouco para eu morrer.
Vivos, creio, só tenho os braços e o cérebro.
Enfim, despeço-me do mundo, sem dele
levar saudades... Pudera não...Quem dele mal se apercebeu e tanta mágoa nele
curtiu... Morro no escuro como um cão vadio. Tanto melhor: assim não divisarei,
na minha agonia, a miséria humana...
A
misericórdia divina é sábia e protetora não iluminando o nosso último
instante de vida. É o conforto
dos desesperados. É o prêmio de sua desdita."
Com esta obra, verídica e bem elaborada, Atualpa Barbosa Lima, sob o
pseudônimo de Anselmo Fraga, foi consagrado como autor. Seu talento deixou
órfão o Ceará literário, pois o jovem médico e prosador veio a falecer no dia
13 de janeiro de 1930. Pelo seu
trabalho incansável no esclarecimento sobre a lepra em seu estado natal, foi
reconhecido na galeria de honra da Câmara Legislativa de Fortaleza que, prestou
uma homenagem a ele: uma das ruas da cidade, situada próxima à praia de
Iracema, recebeu seu nome: Rua Dr. Atualpa Barbosa Lima. Os
habitantes de Fortaleza, no período de 1920 a 1930, conheceram e aplaudiram o
trabalho e a dedicação deste ilustre nome. Referência: Texto baseado no livro:
"Grandes Prosadores Cearenses" de M.A.A., Agradecimentos
especiais pelo envio da referência bibliográfica ao nosso irmão e
colaborador Raul Teixeira.
O motivo de
MECOSTARTE estar dando publicidade ao nome de Anselmo Fraga é
que o livro por ele publicado Memórias de um leproso deve
ter a sua leitura feita por mais seres humanos, para a
compreensão do real sentido da vida terrena.
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