POEMA INÉDITO
Sueiro Lobato
A coruja
Baixe o quarto
crescente a sua
branca toalha
Ou o plenilúnio
esparja a sua
luz vermelha,
Ei – la sempre a
gritar a sua
voz que assemelha
O agoureiro rumor
de um rasgar
de mortalha.
Se da noite
silente o negro
véu se espalha
Sem o pisco
luzir de uma
fulva centelha,
Ela põe – se a
piar de uma
casa na telha
Ou no simples
beiral de um
casebre de palha.
Triste e reconcentrada, é
a predileta filha
Da treva. É
singular que sempre
a noite escolha!
Dizem que à
luz do sol o
seu olhar não
brilha.
Aos cemitérios vai.
E, ali, de
tulha em tulha
De ossos, mexe,
remexe um garrancho,
uma folha,
Sempre e sempre
a fazer a
costumada bulha.
“O poeta SUEIRO
LOBATO é um
dos mais importantes
escritores brasileiros. Com
esse pseudônimo de
escassa eufonia Graciliano
Ramos assinou poemas,
até hoje inéditos.
O movimento em
torno do seu
centenário, com publicação
de biografias e
pesquisa para exposições,
revelou poemas como
A Coruja, publicados
em obscuras revistas
de província. Esse
e outros achados
são o filé mignon
de eventos como
a recente mostra
Graciliano Ramos : Cem
anos, realizada de
agosto a setembro,
na Biblioteca Nacional
( que tive
a honra de
freqüentar ), e de
mais suas exposições
que vão festejar
o centenário de
nascimento do escritor.
No Rio. A
fundação Casa de
Rui Barbosa abre,
a partir de
quinta - feira,
a sua Homenagem
a Graciliano Ramos,
reunindo primeiras edições
de livros, críticas,
poemas, entrevistas, painéis fotográficos
de Walter Firmo
sobre o universo
regional nordestino, além
do original datilografa
de Memórias do
Cárcere, pivô de
uma das polêmicas
a cerca de
Graciliano”.
Fonte:Idéias/LIVROS E
ENSAIOS, 24/10/1992. Jornal do
Brasil, Rio de Janeiro. 1992.
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