E
MORRE POR ACASO
“O
corpo vive sozinho,
uma vez que começou
a viver. Mas
o pensamento... sou eu
que lhe dou
continuidade, que o
desenvolvo. Existo. Penso
que existo. Oh! Que
serpentina comprida esse
sentimento de existir
- e eu a
desenrolo muito lentamente... Se eu
pudesse me impedir
de pensar! Tento,
consigo: parece – me que
minha cabeça se
enche de fumaça...
e eis que
tudo recomeça: “Fumaça... não
pensar... Não quero
pensar... Penso que
não quero pensar...
Não devo pensar
que não quero
pensar. Porque isso
também é um
pensamento”. Será que
não termina nunca?
Meu pensamento
sou eu: eis
por que não
posso parar. Existo
porque penso... e
não posso me impedir de
pensar. Nesse exato
momento - é
terrível -, se existo
é porque tenho
horror a existir.
Sou eu, sou
eu que me
extraio do nada
a que aspiro:
o ódio, a
repugnância de existir,
são outras tantas
maneiras de existir,
são outras tantas
maneiras de me
fazer existir, de
me embrenhar na
existência. Os pensamento
nascem por trás
de mim como
uma vertigem, sinto – os
nascer como uma
vertigem, sinto – os nascer
atrás de minha
cabeça... se eu
ceder, eles virão
para a frente,
aqui entre meus
olhos - e sempre
cedo, o pensamento
cresce, cresce, e ei –
lo, imenso, enchendo – me
por inteiro e
renovando minha existência”.
“Todo ente
nasce sem razão,
prolonga – se por fraqueza
e morre por
acaso”
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