Diz
Clara Leda, no seu
A CORRENTE E
O PINGENTE, à
página 21: “Apenas
o nome do
povoado, JACARÉ QUEIMADO,
soava – lhe com certa esquisitice. Em
conversa buscou se inteirar
e ficou sabendo
que a freguesia
se originou de
descendentes portugueses que
moravam em sítios
espalhados pela região.
O povoamento foi
circunstanciado pela seca
de três anos
consecutivos de 1877
a 1879. Esse
fenômeno fez chegar,
vindo dos mais
diferentes lugares castigados
por um sol
escaldante, homens, mulheres,
crianças, famílias inteiras
de retirantes sedentos.
As parcas gotas
dágua que restavam
nas cacimbas dos
leitos de areia
dos rios minguados
do sertão, iam
sendo tragadas na volúpia de
uma luta sem
trégua e desigual
e a vegetação
esquelética esturricava. A
paisagem era desértica, mórbida,
com carcaças de
cadáveres de animais
espalhados pelos campos
estéreis.
A
fertilidade das terras
da serra não se deixava abater
diante das intempéries
climáticas e a
acolhida hospitaleira, generosa
de um senhor
chamado Manuel propiciaram
o
assentamento inicial que
alicerçou o povoado,
à margem esquerda
de um riacho
denominado Jacaré.
Bem
antes das cabanas
cobertas de palha
avançarem na horizontal
desse braço de
rio, formando uma
longa faixa cinzenta,
um jacaré assombrou
um pescador. O
destino do animal
foi ignorado mas
seu nome ficou.
Em 1884 as labaredas de
um incêndio tragaram
o povoado e
quando reerguido, na
margem contrária, à
direita, ao nome
inicial, Jacaré, foi a crescido o
adjetivo Queimado.
Nenhum comentário:
Postar um comentário