quinta-feira, março 07, 2013

A POESIA DE ADÉLIA PRADO

Apreciar  é  uma  obrigatoriedade.  Faz  bem  para  a  saúde  do  espírito.  Adélia  Prado escreve  sobre  as  coisas  simples  que  envolvem  o  homem,  sem  rodeios,  sem  exageros:  LIMPO  E  SECO.



DE  ADÉLIA  PRADO

AMOR VIOLETA
O amor me fere é debaixo do braço,
de um vão entre as costelas.
Atinge meu coração é por esta via inclinada.
Eu ponho o amor no pilão com cinza
e grão de roxo e soco. Macero ele,
faço dele cataplasma
e ponho sobre a ferida.


                                                              Parâmetro
                                                              Deus é mais belo que eu.
                                                              E não é jovem.
                                                              Isto sim, é consolo.


Impressionista
Uma ocasião,
meu pai pintou a casa toda
de alaranjado brilhante.
Por muito tempo moramos numa casa,
como ele mesmo dizia,
constantemente amanhecendo.


Ensinamento
Minha mãe achava estudo
a coisa mais fina do mundo.
Não é.
A coisa mais fina do mundo é o sentimento.
Aquele dia de noite, o pai fazendo serão,
ela falou comigo:
“Coitado, até essa hora no serviço pesado”.
Arrumou pão e café , deixou tacho no fogo com água quente.
Não me falou em amor.
Essa palavra de luxo

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