DA FAMILIA EUFRÁSIO DE OLIVEIRA, DE PITANGA
Monsenhor GONÇALO EUFRÁSIO
GONÇALO EUFRÁSIO DE OLIVEIRA – Mons. Eufrásio nasceu a
23 de novembro de 1903, no sítio
Pitanga, do distrito
de Jacaré, do município
de Ibiapina, atual
município de Ubajara (CE), sendo seus pais Joaquim Eufrásio de Oliveira
e Jovina Maria de Jesus Eufrásio.
Gonçalo Eufrásio fez seus estudos iniciais nas escolas primárias da sua cidade natal.
Em 1920, aos dezessete anos incompletos, demonstrou interesse em abraçar a
vocação eclesiástica matriculando-se no Colégio Diocesano de Sobral. No ano
seguinte, ingressou no Seminário Arquiepiscopal de Fortaleza, onde fez o curso
preparatório e ingressou no curso superior. Por lá, Eufrásio concluiu os cursos
de Humanidades, Filosofia e Teologia. Ainda
antes de terminar seus estudos foi convidado para lecionar no Seminário Menor
de Sobral. No dia 1.º de dezembro de 1929, aos 26 anos, foi ordenado sacerdote
por Dom José Tupinambá da Frota, tornando-se o primeiro padre filho de Ubajara.
Depois de ordenado, passou a
exercer sua carreia eclesiástica em Sobral. Como discípulo de São João
Bosco, em 1930, Mons. Eufrásio implantou na cidade o ensino gratuito e
profissionalizante destinado aos estudantes pobres e filhos de operários.
Fundou o Externato Dom Bosco e a Escola Profissionalizante Dr. Figueiredo
Rodrigues. Em 1932 foi nomeado coadjutor da paróquia do Ipu, mas regressou a
Sobral cinco meses após para reassumir sua cadeira no Seminário.
Também atuou como capelão do Colégio Sant’Ana; membro do Conselho de Disciplina
do Seminário; Diretor do Colégio Sobralense por várias décadas e
Superintendente da Santa Casa de Misericórdia de Sobral. Concluiu a Capela de
São Pedro e erigiu vila de casas nas proximidades, no Bairro D. Expedito. Vale
lembrar que esse templo foi iniciado por Dom José Tupinambá da Frota, com a
ajuda do Pe. Osvaldo Chaves, que realizou a benção da pedra fundamental antes
de repassar a obra ao Mons. Eufrásio. Este respeitado padre-mestre também
reformou várias outras igrejas nos bairros e subúrbios de Sobral.
O grande sacerdote
ubajarense, educador e defensor das causas dos mais humildes tinha pele escura,
era um pouco fanhoso e mantinha comunicação fácil e direta com o povo. Mons.
Eufrásio cativava a todos pelo seu espírito brincalhão, esportivo e
descontraído. Era agradável no trato com seus colegas, paroquianos e alunos e
era especialista em colocar apelidos. Sempre com alegria transbordante, gostava
muito brincar com as pessoas e de dar petelecos na meninada. Que o digam
aqueles que receberam suas aulas de Matemática e Geografia.
Pelo fato de ser negro e com forte presença de espírito, Mons. Eufrásio fazia
com que essa condição o ajudasse a arrancar risos das pessoas que o cercavam.
Conta-se que, depois de ordenado Monsenhor, certa vez alguém lhe perguntou por
que não usava as vestes apropriadas para o cargo. Em tom de gozação, ele
respondeu: “Negro já é feio, imagina todo enfeitado!”.
Outro episódio ocorrido na
Praça Dr. Ibiapina (do São João) mostrou que o padre brincalhão, quando
necessário, também falava mais grosso, sério e muito sério. Testemunhas
oculares contam que estava havendo um movimento protestante naquela praça, nas
proximidades do Externato Dom Bosco, fundado por Mons. Eufrásio.
Como prevenção para
eventual confusão, os protestantes estavam protegidos pela polícia, sob o
comando do delegado Gustavo Rodrigues. Este era muito severo e exibicionista ( vibrante ) e tinha o estranho
apelido de “Quebra Chifres”.
A rapaziada católica, que estava ao lado do Colégio do Mons. Eufrásio, dirigiu
uns assobios e vaias aos “crentes”. Sem titubear, Quebra Chifre foi tomar
satisfação e ameaçou “varrer a bala” o grupo de estudantes. Imediatamente,
Mons. Eufrásio tomou a frente e desafiou, em tom sério, Quebra Chifre.
Disse-lhe que ali, além de um padre, debaixo daquela batina havia um homem. E,
caso o delegado quisesse comprovar, era só experimentar atirar.
Na ocasião, muitos católicos acorreram em solidariedade ao religioso, prontos
para enfrentar Quebra Chifre e seus comandados. Mas chegou a turma do deixa disso e tudo terminou antes de
começar a briga. E são muitas as histórias, principalmente engraçadas, que se
conta a respeito deste ilustre e devotado sacerdote e educador.
Monsenhor Gonçalo Eufrásio de Oliveira faleceu prematuramente, aos 59 anos, no
dia 31 de janeiro de 1963, dia de Dom Bosco, de quem era devoto. Foi vítima de
um fulminante ataque cardíaco sofrido exatamente na praça em frente ao portão
da Santa Casa de Sobral, para onde se dirigia em sua motocicleta.
Mons. Eufrásio foi sepultado
no jazigo do clero no cemitério São José, centro de Sobral. Tempos depois, a pedido
de seus familiares, seus restos mortais foram trasladados para a igreja de São
Pedro, por ele construída.
A cidade, eternamente grata por seus serviços prestados a esta comunidade,
presta-lhe uma homenagem dando o nome de Praça Mons. Eufrásio à praça que fica
em frente à Santa Casa de Misericórdia. Lá existe seu busto aproximadamente no
local onde o sacerdote tombou sem vida.
Fonte:
Correio da Semana. Jornal da
Diocese de Sobral. Visita:28/05/2015. 14:10h.
Reorganização. Messias Costa
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