sexta-feira, setembro 01, 2023

MANUEL MIRANDA: de autodidata pobre a INTELECTUAL rico???!!!

 UMA  BIOGRAFIA


MANUEL MIRANDA

Foi comerciante, escritor, poeta, jornalista, e seria grande professor se lhe tivesse sobrado tempo para se dedicar a mais uma profissão.

Era um cearense nascido em Granja, a 2 de agosto de 1887. Filho de pai sem recursos financeiros  e materiais. Como na infância não recebeu as bênçãos da fortuna, não pode fazer estudo secundário, mais nem por isso se deixou abater pelo desânimo. Apenas sem escolas nem professores, lia tudo. Estudou, começando pela “Carta do ABC”, inseparável manual de ensino com que convivia noite e dia até tornar-se mais esclarecido e passar a outros compêndios mais instrutivos.

Os livros foram seus únicos mestres.  Era admirável ver-se Manuel Miranda de  jornal na mão, a discutir as notícias com avidez insana e principalmente quando se tratava de assuntos políticos da modesta comunidade onde nasceu.

Por isso, mesmo, teve os seus admiradores, que lhe faziam “Roda, quer no mercado onde lhe exploravam o talento precoce, quer em casa de família, onde o mimavam como uma verdadeira revelação”. Já crescido, mudou-se para Ubajara, onde negociava com o seu irmão mais velho, Vitaliano Miranda; cedo soubera livrar-se das estreitezas do pequeno burgo, e Manuel Miranda imitou-lhe a aventura.

Serviu aí de caixeiro ao mano até estabelecer-se por contra própria, montando uma loja que era um legítimo bazar. Vendia de tudo: fazendas, medicamentos, artigos religiosos, ferragens, miudezas.

Nos dias de feira, corria de uma a outra ponta do balcão para atender a pletora de fregueses, os quais o apreciavam bastante por ver-lhe não apenas agilidade, mais, e sobretudo, afabilidade natural, o trato fora do comum. Fez progressos, utilizando-se do crédito como capital e da honestidade como propaganda para atrair fregueses.

Quando, ao término do dia, sentia as pernas fatigadas, punha a cabeça a funcionar, alternando as faculdades físicas com as intelectuais, nesse plantão de duplo sentido militar em que o cidadão se rende a si próprio sem render-se à fadiga...

Durante o dia dedicava-se com afinco ao trabalho. A noite era para o estudo, as leituras de agora silenciosas, os rabiscos no papel.  E tornou-se, assim, um autodidata de primeira linha.  Ao lado das atividades comerciais, Manuel Miranda jamais esqueceu a cultura do espírito, lendo e arrancando do que lia o sustento necessário ao seu desenvolvimento intelectual. Nessa atividade fez também progresso.

Em Ubajara, fundou em 1915, juntamente com o poeta Craveira Filho, o jornal “A Ibiapaba”, o primeiro jornal impresso naquela vila. Sendo Manuel Mirando o seu idealizador. A pequena empresa de difusão cultural, reunindo os dois poetas, não conseguiu sobreviver, somente por implicação de ordem econômica, como também por que se deu a dissociação motivada por interesse de cada componente. Craveiro Filho teve que se mudar para Sobral onde o Jornal “A Ordem” aguardava a sua presença, para poder circular e Miranda teve que se contentar com as suas atividades comerciais. Mesmo assim, lia e escrevia, para melhorar seu aprimoramento intelectual.

Quando sua situação financeira atingiu um certo ponto de equilíbrio ele montou uma gráfica, em 1909 fizera circular, com José Vasconcelos, “O Serrano”, hebdomadário bem redigido, onde se firmou como jornalista de talento, versejando as vezes “Currente Calamo”, simples e inspirado.

Se afirmou como literato, cultivando diligentemente a poesia e o conto.

O verso de Manuel Miranda, no soneto como na poesia propriamente dita, é espontâneo e bem inspirado. Não o preocupa o seu lado estético (chegou mesmo a claudicar imperdoavelmente na metrificação).

Tudo, nele, é sensibilidade e emoção, que o poeta conseguiu externar em rimas suaves e harmoniosas. O conto é de feição e sonho realista. Pode mesmo dizer-se que era casos da vida real – da vida de cada um.

Fonte: COISAS  DA  MINHA  TERRA.  Visita: 17/05/2016: 14:13h.  Repontuado by M Costa


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