UMA BIOGRAFIA
MANUEL MIRANDA
Foi comerciante, escritor, poeta, jornalista, e
seria grande professor se lhe tivesse sobrado tempo para se dedicar a mais uma
profissão.
Era um cearense nascido em Granja, a 2 de agosto de
1887. Filho de pai sem recursos financeiros
e materiais. Como na infância não recebeu as bênçãos da fortuna, não
pode fazer estudo secundário, mais nem por isso se deixou abater pelo desânimo.
Apenas sem escolas nem professores, lia tudo. Estudou, começando pela “Carta do
ABC”, inseparável manual de ensino com que convivia noite e dia até tornar-se
mais esclarecido e passar a outros compêndios mais instrutivos.
Os livros foram seus únicos mestres. Era admirável ver-se Manuel Miranda de jornal na mão, a discutir as notícias com
avidez insana e principalmente quando se tratava de assuntos políticos da
modesta comunidade onde nasceu.
Por isso, mesmo, teve os seus admiradores, que lhe
faziam “Roda, quer no mercado onde lhe exploravam o talento precoce, quer em
casa de família, onde o mimavam como uma verdadeira revelação”. Já crescido,
mudou-se para Ubajara, onde negociava com o seu irmão mais velho, Vitaliano
Miranda; cedo soubera livrar-se das estreitezas do pequeno burgo, e Manuel
Miranda imitou-lhe a aventura.
Serviu aí de caixeiro ao mano até estabelecer-se
por contra própria, montando uma loja que era um legítimo bazar. Vendia de tudo:
fazendas, medicamentos, artigos religiosos, ferragens, miudezas.
Nos dias de feira, corria de uma a outra ponta do
balcão para atender a pletora de fregueses, os quais o apreciavam bastante por
ver-lhe não apenas agilidade, mais, e sobretudo, afabilidade natural, o trato
fora do comum. Fez progressos, utilizando-se do crédito como capital e da
honestidade como propaganda para atrair fregueses.
Quando, ao término do dia, sentia as pernas fatigadas,
punha a cabeça a funcionar, alternando as faculdades físicas com as
intelectuais, nesse plantão de duplo sentido militar em que o cidadão se rende
a si próprio sem render-se à fadiga...
Durante o dia dedicava-se com afinco ao trabalho. A
noite era para o estudo, as leituras de agora silenciosas, os rabiscos no
papel. E tornou-se, assim, um autodidata
de primeira linha. Ao lado das
atividades comerciais, Manuel Miranda jamais esqueceu a cultura do espírito,
lendo e arrancando do que lia o sustento necessário ao seu desenvolvimento
intelectual. Nessa atividade fez também progresso.
Em Ubajara, fundou em 1915, juntamente com o poeta
Craveira Filho, o jornal “A Ibiapaba”, o primeiro jornal impresso naquela vila.
Sendo Manuel Mirando o seu idealizador. A pequena empresa de difusão cultural,
reunindo os dois poetas, não conseguiu sobreviver, somente por implicação de
ordem econômica, como também por que se deu a dissociação motivada por
interesse de cada componente. Craveiro Filho teve que se mudar para Sobral onde
o Jornal “A Ordem” aguardava a sua presença, para poder circular e Miranda teve
que se contentar com as suas atividades comerciais. Mesmo assim, lia e
escrevia, para melhorar seu aprimoramento intelectual.
Quando sua situação financeira atingiu um certo
ponto de equilíbrio ele montou uma gráfica, em 1909 fizera circular, com José Vasconcelos,
“O Serrano”, hebdomadário bem redigido, onde se firmou como jornalista de
talento, versejando as vezes “Currente Calamo”, simples e inspirado.
Se afirmou como literato, cultivando diligentemente
a poesia e o conto.
O verso de Manuel Miranda, no soneto como na poesia
propriamente dita, é espontâneo e bem inspirado. Não o preocupa o seu lado
estético (chegou mesmo a claudicar imperdoavelmente na metrificação).
Tudo, nele, é sensibilidade e emoção, que o poeta
conseguiu externar em rimas suaves e harmoniosas. O conto é de feição e sonho
realista. Pode mesmo dizer-se que era casos da vida real – da vida de cada um.
Fonte: COISAS DA MINHA
TERRA. Visita: 17/05/2016: 14:13h. Repontuado by M Costa
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