A GRANDE SECA DE
1790 -1793
artigo de JEFERSON DOS SANTOS MENDES
e (A formação
da população da
IBIAPABA)
CAPITANIA DO CEARÁ -
À frente da capitania do Ceará
estava o capitão-mor Luís da Motta Feo e Torres, militar de carreira, que
permaneceu como governador do Ceará Grande entre 1790 a 1797. Durante a seca
enviou diversas cartas e relatórios ao secretário Martinho de Melo e Castro.
Nelas detalhou como a seca provocou a dizimação do gado, forçou as migrações e
prejudicou a economia da capitania (OLIVEIRA, 2018, p. 42-43). Na primeira
carta a Martinho de Melo e Castro, Luís da Motta expõe a destruição provocada
pela seca na capitania:
O senador
Joaquim Catunda, ao escrever sobre a grande seca na capitania do Ceará, no
século XIX, lembra que “flagelou a Capitania por quase quatro anos”.
Transcorreu com sucessivos períodos escassos de chuvas nos anos de 1790 e 1791
e nenhuma em 1792. No último, “as águas desapareceram completamente” da
capitania. A seca foi tão rigorosa no Ceará que, segundo ele: Morreram os
gados, os vaqueiros, muitos fazendeiros e os animais domésticos e bravios. As
estradas juncadas de cadáveres, famílias inteiras mortas de fome e sede, e
envolvida no pó dos campos; o interior deserto; a população esfaimada e
dizimada pela peste nos povoados do litoral, atulhadas de retirantes as
Capitanias vizinhas, esmolando uns; furtando outros, trabalhando pouco. [...]
que na ribeira do Acaraú, algumas senhoras ainda mesmo abastadas, dando a luz
nesse ano, se virão obrigadas a manter-se com alimentação de jacús, mel de
abelha e carne de veado, na ausência absoluta de cereais, galinha e outras
carnes tragáveis. Diversos fazendeiros perderam todos os seus gados, outros
três partes destes. A população menos favorecida, sem auxilio do governo que,
então, não tinha meios de proporcionar-lhe socorro, dispersara-se, procurando, parte
a Ibiapaba e parte a margem do Parnaíba (Apud., ALVES, s/d, p. 61).
FONTE:
DOS SERTÕES: CONEXÕES COLONIAIS
Helder Alexandre Medeiros de Macedo Organizador.
Vale ressaltar
que a nossa
população, vagarosamente, veio
se formando a
partir de acontecimentos climáticos.
As secas, que
foram, por muitos
anos, um flagelo
que se apresentava
com muita frequencia
no nordeste brasileiro,
fizeram com que
muitas famílias buscassem
outras terras com
melhores condições sócio -
econômicas do que
as suas, de
origem. Desta forma,
a Ibiapaba, notícias
corridas, era o lugar para
habitar.
Era tempo
de muita fome
e, no rastro
da fome, vinham
as doenças. Muitas
famílias foram dizimadas. Espetáculo somente
para indivíduos fortes. Corpos secos
nas beiras das
estradas, nas entradas
de fazendas que
outrora foram ricas
e de grande
movimento. Só miséria
provocada pela grande seca
de 1790 a
1793.
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