quinta-feira, outubro 11, 2012

de A NÁUSEA, de Sartre


Sugestão  de  Leitura:  A  NÁUSEA,  de  Sartre. 



            “O  corpo  vive  sozinho,  uma  vez  que começou  a  viver.  Mas  o  pensamento... sou  eu  que  lhe  dou  continuidade,  que  o  desenvolvo.  Existo.  Penso  que  existo. Oh!  Que  serpentina  comprida  esse  sentimento  de  existir  -  e  eu  a  desenrolo  muito  lentamente... Se  eu  pudesse  me  impedir  de  pensar!  Tento,  consigo:  parece – me  que  minha  cabeça  se  enche  de  fumaça...  e  eis  que  tudo  recomeça: “Fumaça...  não  pensar...  Não  quero  pensar...  Penso  que  não  quero  pensar...  Não  devo  pensar  que  não  quero  pensar.  Porque  isso  também  é  um  pensamento”.  Será  que  não  termina  nunca?
              Meu  pensamento  sou  eu:  eis  por  que  não  posso  parar.  Existo  porque  penso...  e  não  posso  me  impedir  de  pensar.  Nesse  exato  momento  -  é  terrível -,  se  existo  é  porque  tenho  horror  a  existir.  Sou  eu,  sou  eu   que  me  extraio  do  nada  a  que  aspiro:  o  ódio,  a  repugnância  de  existir,  são  outras  tantas  maneiras  de  existir,  são  outras  tantas  maneiras  de  me  fazer  existir,  de  me  embrenhar  na  existência.  Os  pensamento  nascem  por  trás  de  mim  como  uma  vertigem,  sinto – os  nascer  como    uma  vertigem,  sinto – os  nascer    atrás  de  minha  cabeça...  se  eu  ceder,  eles  virão  para  a  frente,  aqui  entre  meus  olhos -  e  sempre  cedo,  o  pensamento  cresce,  cresce,  e  ei – lo,  imenso,  enchendo – me  por  inteiro  e  renovando  minha  existência”.

“Todo  ente  nasce  sem  razão,  prolonga – se  por  fraqueza  e  morre  por  acaso”

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