Sugestão de Leitura: A NÁUSEA, de Sartre.
“O
corpo vive sozinho,
uma vez que começou
a viver. Mas
o pensamento... sou eu
que lhe dou
continuidade, que o
desenvolvo. Existo. Penso
que existo. Oh! Que
serpentina comprida esse
sentimento de existir
- e eu
a desenrolo muito
lentamente... Se eu pudesse
me impedir de
pensar! Tento, consigo:
parece – me que minha
cabeça se enche
de fumaça... e
eis que tudo
recomeça: “Fumaça... não pensar...
Não quero pensar...
Penso que não
quero pensar... Não
devo pensar que
não quero pensar.
Porque isso também
é um pensamento”.
Será que não
termina nunca?
Meu pensamento
sou eu: eis
por que não
posso parar. Existo
porque penso... e
não posso me
impedir de pensar.
Nesse exato momento
- é terrível -,
se existo é
porque tenho horror
a existir. Sou
eu, sou eu
que me extraio
do nada a
que aspiro: o
ódio, a repugnância
de existir, são
outras tantas maneiras
de existir, são
outras tantas maneiras
de me fazer
existir, de me
embrenhar na existência.
Os pensamento nascem
por trás de
mim como uma
vertigem, sinto – os nascer
como uma vertigem,
sinto – os nascer atrás de
minha cabeça... se
eu ceder, eles
virão para a
frente, aqui entre
meus olhos - e
sempre cedo, o
pensamento cresce, cresce,
e ei – lo, imenso,
enchendo – me por inteiro
e renovando minha
existência”.
“Todo ente
nasce sem razão,
prolonga – se por fraqueza
e morre por
acaso”
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