quinta-feira, outubro 25, 2012

BALADEIRA, de Chico Ocosta

AS  LEMBRANÇAS  DA  INFÂNCIA



A  BALADEIRA
                            por   Chico  Ocosta

             A  baladeira  é  conhecida  em  outras  regiões  do  Brasil  como  estilingue,  atiradeira  ou  funda.  Sua  feitura  consiste  numa  forquilha  com  tiras  de  borracha  flexível  que  tem  nas suas  extremidades  uma  peça  em  sola  para  apoio  de  uma  pedra  de  formato  esférico,  que  ao  ser  puxado  pelas  mãos  em  sentido  contrário  se  torna  uma  arma  de  arremesso  para  abater  aves  e  outros  animais  de  pequeno  porte.
           O  sítio  Taboca    fora  coberto  por  grandes  matas  tropicais  e  tinha  uma  fauna  invejável,  mas  com  a  chegada  do  homem  branco  foi  sendo  desmatada  e  consequentemente  as  caças  afugentadas.  Atualmente,    poucas  espécies  que  conseguiram  através  dos  tempos  sobreviver  a todo    tipo  de  ataque  predatório.
          A  própria  história   do  povoamento  do  nordeste  brasileiro  consta  que,  em  cada  lugar  que  era  erigido  uma  pequena  fortificação,  o  bandeirante  ou sertanista  tinha  o s eu  relato  de  observação   em  que  constava  tratar – se  de  uma  terra  fértil  e  que  existiam  muitas  caças  que  serviam  para  o  alimento  e  outras   onde  sua  pele  tinha  valor  comercial.  Portanto,  se  herdou  das  populações  mais  velhas  e  desbravadoras,  o extinto ( instinto )  predatório  com  relação  à  fauna,  pois  qualquer  animal  que  fosse  visto  pela  frente  seria  abatido.  Não  existia  o  espírito  ecológico  naquela  época,  portanto,  não  herdamos  os  hábitos  de  preservar  a  natureza.
           Quase  todas  as  crianças  ( da  minha  época )  carregavam  uma  baladeira   e  muitas  pedras  de  piçarra,  especialmente  escolhidas  na  rodagem,  o  que  era  motivo  de  peia  por  parte  das  mães  pelo  fato  de  deixar  os  bolsos  das  calças  com  sujeira  de  cor  avermelhada.
           Algumas  crianças  que  caçavam  com  baladeira,  usavam  do  artifício  de  matar  o  beija – flor  e  rapidamente  arrancar  o  coração  para  engolir  com  o  pretenso  propósito  de  manter  a  forma  mágica  de  exímio  acertador.
        Os  passarinhos  caçados  eram  rolinhas,  turas,  almas – de – gato,  choro,  bico – de – latão,  cupido,  sanhaçu,  entre  outros  e  também  de  vez  enquanto ( em quando )  um  preá,  uma  pixuna  etc.
        Todas  as  caças   abatidas  eram  limpas  e  salgadas  para  assar  no  espeto  e  servir  de  um  saboroso  petisco  ou como  mistura  de  uma  bela  pratada  de  pirão  de  leite  ( ou  de  baião  de  dois ) 
                 Negrito  de  minha  responsabilidade,  mas  sem  autorização  do  autor ( que  peço ).
                                                                       Fonte:  Sítio  Taboca,  de  Chico  Ocosta,  p.197.

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