GLACIAL E IMPARCIAL
A lua de
prata,
mansamente,
Caiu sobre a
negrura da noite,
Engravidando – a
de mansa luz,
Na madrugada silenciosa.
Na rua,
Perambulam
somente
os cães rejeitados
Ou os gatos
namoradores
Espreitam, apaixonados,
Elegantemente
deitados
nos muros e nos telhados.
Mas a lua,
impassível,
Impera no céu,
mandando e desmandando:
Governa, sem sombra
de dúvidas.
E os seres humanos
Inflados de sua
própria hipocrisia
Se digladiam na
busca Incessante
da saciedade de
suas vaidades mundanas.
Vaidades humanas que
de nada servem:
Dinheiro, muito ouro, prazeres exacerbados,
Não trazem a
felicidade.
E, quando for
tirado o bilhete
da grande viagem,
Saibamos todos,
Nada levaremos.
O ouro será quebrado
em muitas partes
Por aqueles que
muito pouco fizeram.
Mas dilapidarão tudo,
sem pena
e nem um mísero
pingo de dó.
Enquanto isso,
glacial
E imparcial,
Lá estará a lua.
MeCosta abril 2024
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