NA BEIRA
DO LAGO
Poderia
eu estar
Do
planeta em qualquer
lugar.
No ártico
gelado
Ou
no deserto árido
Da
Arábia milenar.
Mas
eu estou mesmo,
Neste
momento exato,
É a ouvir
o buliçoso cantar
dos
pássaros Invisíveis que,
pousados
nas folhas do
capim farfalhante
Fazem
disputa de gorjeios
Ao sol
das dez horas,
Na
beira da barragem
do Boi Morto,
No
mesmo ambiente,
em
outro canto,
e
sem pressa,
estão
pessoas num leve
bate - papo.
O
tempo se corrói
vagarosamente.
E eu apenas
ouço os pássaros
E
vejo as pequenas
ondas
Que
se formam em
função do vento
manso
Que
ameniza o espaço.
Recebo
a dádiva da
luz solar
Que
se derrama sobre
as minhas costas.
Não
há correrias nem
atropelos.
Há
apenas calma, tranqüilidade e paz.
Ao
lado, na estradinha
de terra vermelha,
Um
carro - de
- bois passa,
Cantando
a repetitiva cantiga
Provocada
pelo atrito da
madeira amiga.
Como
na vida,
Tudo
em volta,
Cumpre o
seu destino.
Ao longe
e à frente,
Buritis,
mato ressequido do
verão carrascal
E
outras árvores que
se destacam
Pelo
vermelhidão de suas
copas.
São
flamboians mágicos, lindos.
Na
pedra, sentado,
Quedo - me
na busca da
beleza
dos
objetos e das
pessoas
Com
os olhos nítidos
do
espírito pacificado.
Os
pássaros cantantes ainda
estão lá,
no
capim que balança
sobre as águas;
As
pessoas também.
O
urubu que, de
asas abertas,
navega
a favor do
vento,
Mergulhando
no céu azul,
Vai
e volta, sem aparente
contradição.
A menina
Mércia também compõe
o cenário.
Ela
de nada tem
preocupação.
Brinca,
apenas.
Esparge
água.
Fala.
Monta
figuras de areia.
Mais
do que ninguém,
ela sim,
Como
uma flor,
Não
tem pressa nenhuma,
Pois
é ainda como
um pássaro
Que
não semeia nem
colhe;
É
também como um
flamboiã
Ou
um aguapé de
folhas miúdas
Que
dança a favor
das diminutas ondas,
Destituída
dos germes que
corrompem as sociedades.
À
beira do lago
permaneço.
Meus
cabelos se vão tornando fios
de prata,
O
rio vermelho que
corre dentro de
mim,
No
intrincado de riachos
e córregos,
Antes
forte e veloz,
Vai
perdendo a força, lentamente.
Apenas
sinto no rosto o
vento macio
Que
mexe com a
areia sob os
meus pés.
E
tudo passa, calmamente
E o destino
despido,
É
cumprido,
Como
a ferrugem vagarosa
que come
o ferro despercebido.
Como
na vida,
Tudo
em volta,
Cumpre
o seu destino.
Messias Costa/2006
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