terça-feira, agosto 14, 2012

dos Trechos Escolhidos, de Vieira


QUO  VADIS?
                                 DE  VIEIRA

                   Rebuscando  as  minhas  leituras  de  Vieira  encontrei,  em  Trechos  Escolhidos,  um  texto  bastante  oportuno/interessante.  Trata  de  vida  e  morte,  vaidade  na  riqueza, pobreza,  última  morada.  Ele  diz(...) ”Se  a  um  recém – nascido  quando  sai  do  ventre  da  mãe  lhe  perguntássemos: Quo  vadis?  Menino,  que  agora  entrastes  no  mundo,  para  onde  ides?  É  sem  dúvida  que,  se  ele  tivesse  o  uso  da  razão  e  fala  para  responder,  responderia  com  as  palavras  de  Jó: De  útero  ad  tumulum;  desde  a  hora  do  meu  nascimento vou  caminhando  para  a  sepultura;  e  estas  faixas  são  a  minha  primeira  mortalha.  DESENGANEMO – NOS  OS  MORTAIS  QUE  TODO  ESTE  QUE  CHAMAMOS  CURSO  DA  VIDA  NÃO  É  OUTRA  COISA  SENÃO  O  ENTERRO  DE  CADA  UM,  POR  SINAL  QUE  QUANTO  MAIS  POMPA,  MAIS  CRUZES. (...)  Gloriam – se  tanto  das  galas  os  perdidos  por  esta  vaidade;  e  esta  gloria    de  descer  com  eles  à  sepultura?  Não.  Pois  por  que  nos    de  levar  tanto  após  si  o  que      de  ficar;  e  não  nos  acomodaremos  desde  logo  ao  que  havemos  de  levar  conosco? (...) Mas  por  que  não  cuides  que  te  quero  consolar  por  outro  caminho,  responde – me  para  onde  vais? Quo  vadis? Vais  para  a  sepultura?  Sim;  e  todos  os  mais  ricos  e  abundantes  do  mundo  para  onde  vão?  para  a  sepultura  também.    pois  muitas  graças  à  estreiteza  da  tua  mesa  e  ao  teu  pouco  pão?  Porque,  sendo  certo  que  todos  hão  de  chegar  à  sepultura  sem  nenhum  remédio,    tu  por  comer  menos  chegarás  à  sepultura  mais  tarde  e    tu  por  comer  menos  serás  nela  menos  comido.    A  natureza  fez  o   comer  para  o  viver:  e  a  gula  faz  o  comer  muito  para  o  viver  pouco.  O  dia  dos  banquetes  “quantas  vezes  é  a  véspera  do  dia  da  morte!” 
                                    parte  do  Sermão  da  Quarta  Dominga  depois  da  Páscoa,  de  Vieira.

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