QUO VADIS?
DE VIEIRA
Rebuscando as
minhas leituras de
Vieira encontrei, em
Trechos Escolhidos, um
texto bastante oportuno/interessante. Trata
de vida e
morte, vaidade na
riqueza, pobreza, última morada.
Ele diz(...) ”Se a
um recém – nascido quando
sai do ventre
da mãe lhe
perguntássemos: Quo
vadis? Menino, que
agora entrastes no
mundo, para onde
ides? É sem
dúvida que, se
ele tivesse o
uso da razão
e fala para
responder, responderia com as palavras
de Jó: De útero
ad tumulum; desde
a hora do
meu nascimento vou caminhando
para a sepultura;
e estas faixas
são a minha
primeira mortalha. DESENGANEMO – NOS OS
MORTAIS QUE TODO
ESTE QUE CHAMAMOS
CURSO DA VIDA
NÃO É OUTRA
COISA SENÃO O
ENTERRO DE CADA
UM, POR SINAL
QUE QUANTO MAIS POMPA,
MAIS CRUZES. (...) Gloriam – se
tanto das galas
os perdidos por
esta vaidade; e
esta gloria há
de descer com
eles à sepultura?
Não. Pois por
que nos há de levar
tanto após si
o que cá
há de ficar;
e não nos acomodaremos desde
logo ao que
havemos de levar
conosco? (...) Mas por que
não cuides que
te quero consolar
por outro caminho,
responde – me para onde
vais? Quo vadis? Vais para
a sepultura? Sim; e
todos os mais
ricos e abundantes
do mundo para
onde vão? para
a sepultura também.
Dá pois muitas
graças à estreiteza
da tua mesa
e ao teu
pouco pão? Porque,
sendo certo que
todos hão de
chegar à sepultura
sem nenhum remédio,
só tu por
comer menos chegarás
à sepultura mais
tarde e só
tu por comer
menos serás nela
menos comido. A natureza
fez o comer para
o viver: e
a gula faz
o comer muito
para o viver
pouco. O dia
dos banquetes “quantas
vezes é a
véspera do dia
da morte!”
parte do
Sermão da Quarta
Dominga depois da
Páscoa, de Vieira.
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