sexta-feira, agosto 17, 2012

DUAS, de ESMERINO MAGALHÃES NETO


MOAGEM
                          Esmerino  Magalhães  Neto

Alimenta  a  fornalha
Com  o  bagaço  e  a  palha
Ei,  entorna  a  tiborna
Cadê    da  Amália
O  que  menos  trabalha?
Rangedor  é  o  engenho
A  romper  POJ
Mas  menino  nem  nota.
E  quando  um  boi  tomba
  emperra  a  maromba,
Se  atrapalha  o  tangedor
A  palha  entupindo  a  calha
Se  faz  um  grande  escarcéu
Valha  -  me  Deus  do  céu.
Cheiro  de  mel “repu(g)na
A  rapadura  se  apura.
  Donana  traz  a  cana
Ninguém  com  ele  ralha
  no  engenho  Pavuna.
Bagaceira  curtida
O  espírito  de  vinho
Aguardente  que  embaralha
Mais  que  manipueira
Os  sonhos  do    da  Amália.

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LEMBRANÇA  RURAL
Aos  meus  pais
                        Esmerino  Magalhães  Neto

A  casa  respirando
O  perfume  do  pomar
Levada  rasa,  cangapés
Estrume  dormente  de  vida
Fruta  de  vez  acabada  de  apanhar.

A  luz  do  sol  a  pino
Através  do  vidro  espesso
Da  folhagem
Ah,  nunca  esqueço!

Dias  de  moagem 
Cheiro  de  mel  apurado
Carro – de – bois  na  rodagem
Transporte  de  cana
Do  corte  da  baixa.

Nas  franjas  do  capinzal
Esse  ruído  de  sedas,
Pétalas  e  pensamento
Voando  sob  alamedas.

E  a  estrada  tão  larga,
Povo  humilde  e  venturoso.
Eu  sem  saber    vivi
Um  estória  de  trancoso.

Do  livro  de  Poesias  Lua  das  Águas,  de  Esmerino  Magalhães  Neto. 1987

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