segunda-feira, maio 07, 2012

alma pura


DA  PUREZA  DA  ALMA

Por  Messias  Costa


Era   negro,  baixo  e  feio.
Tinha  nariz  grande  e  achatado 
E  boca   grande  e  disforme, também.
Usava  um  chapéu  velho  e  semi - roto.
Suas  roupas,  de  pessoa  simples  e  pobre,
Eram às  vezes  rasgadas,  mas  limpas.
Fumava  um  cigarro  pé  duro
E  bebia  uma  cachaça.

Morava  numa  casinha  de  palha
Lá  para  as  bandas  do  St  Buriti.
Soube  que  um  dia  foi  cativo,
Servil  de  uma  latifundiária
Que  o  explorou  durante  anos,
Libertando - o  quando  aconteceu  a  abolição  da  escravatura.

Para  ganhar  o pão,
Derrubava  palhas,
A  pedido,  para  cobrir  casas.
Um  dia,  caiu  de  uma  palmeira.
Hoje  mora  na  última  morada.
Seu  nome  era  Mané  Leite.
Na  verdade,  em  se  tratando  de  pessoa  boa,
Seu  Mane  Leite,
Que  tinha  um  irmão  chamado  Chico,
Era  um  primor  de  pessoa.
 Tratava  os  circunstantes
Com  a  mais  pura  brancura
De  sua  existência  negra.

Sua  alma  era,
Espero,   ( tenho  certeza ) tão  branca,
Quanto  o  mais  branco 
capucho  de  algodão.
Nasceu  simples, 
E  assim  andou  durante  toda  a  Caminhada
Da  mesma  forma  o  faz
Pela  eternidade  afora.

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