quarta-feira, abril 28, 2021

do nome AGASSIZ ou LUIZ AGASSIZ ou Jean Louis Rodolphe Agassiz

 LOUIS  AGASSIZ  era  suiço, morou  na  Alemanha,  na  França  e  faleceu  nos  Estados  Unidos.


Este  texto é  um  extrato  na  dissertação  de  mestrado  de  Anderson  Antunes,  na  Fiocruz.

O  mesmo  trata  sobre  a  trajetória  do  naturalista  Luiz  Agassiz  e  suas  pesquisas,  inclusive  em  viagem  ao  Brasil  e   ao  Ceará,  em  1865, 66.    

Além de participar de suas expedições, Elizabeth também redigia suas palestras para publicação, gerenciava a publicação de seus livros e artigos, cuidava de suas finanças e organizava suas correspondências. Guyot descreve a importância de Elizabeth na vida de Agassiz da seguinte forma: Permitam-se, aqui, fazer alusão a uma das circunstâncias providenciais da vida de Agassiz, que o permitia realizar um conjunto tão grande de trabalhos, e fazê-los de forma tão alegre quanto eficiente. Quero fazer referência ao seu casamento, em 1849, com uma distinta filha da sua pátria adotiva, a qual todos conhecemos, admiramos e respeitamos sem precisar dizer seu nome. Nesta companheira constante e devota, ele encontrou uma sábia e afetiva mãe para seus filhos. Seu julgamento são e firme, sua mente bem equilibrada, davam-no todo o auxílio e encorajamento que precisava em meio a circunstâncias às vezes complicadas. Seus talentos literários, ao qual devemos o interessante registro de sua viagem ao Brasil, o relato pitoresco dos corais da Flórida, e talvez mais de um de seus últimos trabalhos, são reconhecidos por todos. Sua profunda e absoluta devoção, sua influência consoladora, garantiam a ele a paz de alma e espírito necessárias para uma atividade mental imperturbada. À ela também a Ciência deve um tributo de gratidão. 

O papel de Elizabeth foi ainda mais importante nos momentos finais da vida de Agassiz. Quando voltou para casa, no dia 6 de dezembro de 1873, sentindo-se mal e reclamando de cansaço, nem mesmo os seus amigos, os médicos Dr. Brown-Sequard (1817 – 1894) e Dr. Morrill Wyman (1812 – 1903) conseguiram fazê-lo se recuperar. Poucos dias depois, no dia 14 do mesmo mês, Agassiz faleceu. Seu corpo foi enterrado no cemitério de Mount Auburn, em Massachusetts, sob uma rocha errática trazida das geleiras da sua terra natal. Segundo William James, que foi seu aluno e companheiro em sua viagem ao Brasil: Ele nos deixou uma impressão incomparável. Ele deixa uma espécie de mito popular – a lenda de Agassiz, como alguém poderia chamar – que paira no ar ao nosso redor; e a vida se faz mais gentil conosco e conseguimos mais reconhecimento do mundo porque podemos nos chamar de naturalistas, e essa era a classe à qual ele também pertencia94 . James certamente tinha razão. Independentemente de suas teorias científicas terem sido provadas corretas ou erradas nos anos e décadas posteriores à sua existência, o fato que permanece verdadeiro até os dias de hoje é que Agassiz foi uma figura singular, e deixou um legado que se faz relevante mesmo cerca de 150 anos após a sua morte, como podemos notar pela quantidade de obras publicadas sobre sua vida. Neste trabalho, nos chama a atenção, em especial, a sua viagem ao Brasil e o seu relacionamento com as populações locais, temas que vamos explorar mais profundamente a seguir.

Teria  alguma  relação  com  Zulmira  Agassiz.  Zulmira  Agassiz  é  a  denominação  de  unidade  escolar  de  Araticum,  distrito  sertanejo  de  Ubajara.    

O JUMENTO NOSSO IRMÃO, de padre Antonio Vieira

 Uma  sugestão  de  leitura,  para  quem  gosta!!!




Segue  sites  de  venda  de  livros  usados,  baratos  e  em  bom  estado:sebodomessias.com.br  e  estante virtual.com.br  

terça-feira, abril 20, 2021

FOTOGRAFIA e ARTE andam juntas

 












meu TESOURO; 70 revistas GEOGRÁFICA UNIVERSAL

 



Certo  dia,  de  sol,  resolvi  que  ia  jogar  todas  fora...

Decidi  nada.  Guardei - as,  todas.  Como  é  que  um  indivíduo  joga  um  tesouro  no  lixo.

Tá  doido!!!!  A  leitura  nunca  é  demais!!!!

segunda-feira, abril 19, 2021

DE ARTE: PARA APRECIAR E FALAR

As  tres  primeiras  postagens  são  obras  do  espanhol  Pablo  Picasso.  A  primeira  foi  intitulada  A Atendente,  de  1901  e  está  depositada  no  Museu  Picasso,  em  Barcelona.



 
Família  de  acrobatas  com  macaco, de  Picasso, do  ano  de  1905. Pertence  à  coleção  Goreborgs,  do  Kunst Museu,  da  Alemanha
Este  retrato  chama - se  Arlequim  Inclinado.  Picasso  mirou  parte  de  suas  obras  em  personagens  do  tipo.  Esta  obra  está  postada  no  Metropolitan  Museu  de  Artes,  de  Nova  York.
Neste  segundo  momento,  está  apresentada  a  obra  de  Portinari.  No  primeiro  post  - um  retrato  denominado  pelo  autor de  São  Francisco;  o  segundo  denominado  Os  Cavalos,  DE  1960,  pertencente  a  colecionador  particular.
E,  finalizando,  intitulado  Espantalho,  de  1959  e  pertencente  à  coleção  de  Adolpho  de  Oliveira  Franco,  de  Curitiba.

Todas  estas  imagens  estão  postadas  na  revista  Economie  e  Culture,  de  junho  de  1993.  uma  edição  em  língua  francesa,  de  propriedade  do  Blogger


 

quinta-feira, abril 08, 2021

quarta-feira, abril 07, 2021

CARTAS DE LÚCIA introdução

 


Senhoras, Senhores,  amigos

                  AS  CARTAS  DE  LÚCIA

 

A  partir  desta  data,  darei  a  público  cartas  que  tenho  e  dirigidas  a  mim  escritas  pela  pedagoga  Lúcia  Soares  e  Silva.

Publicarei  todas  por  achar  importante  divulgar  o  pensamento  da  professora  Lúcia. 

Tomo  a  decisão de  publicar  tal  material  por  saber  que  não  prejudicarei  a  imagem  de  uma  pessoa  tão  maravilhosa,  simples, humana  e  honesta  consigo  mesma  e  com  os  outros.

Para  isso,  peço  a  permissão  dos  Familiares  daquela  GRANDE  PESSOA.

As  publicações,  ocorrerão  semanalmente  ou  quinzenalmente  neste  blog   e receberão  o  título  de  CARTAS  DE  LÚCIA.






mais dos INDIOS TABAJARAS, , por BRÁULIO TAVARES, IN cantares


 Eu os escutava muito quando era pequeno, porque fizeram grande sucesso na Era do Rádio, quando a música era somente música, sem imagem, e não dependia da carinha bonita, do rosto varonil ou da roupa exótica de quem estivesse cantando. Não que os Índios Tabajaras dispensassem este último item. Nas revistas e jornais daquele tempo surgiam as fotos daquele “cadavre exquis” antropológico: dois índios cor de bronze, cheios de penachos e pinturas de urucum, empunhando violões iguais ao de Canhoto ou de Dilermando Reis. Eram anunciados pelo locutor com certo espanto. Era como se dissesse: “E agora com vocês, pelas ondas da Rádio Borborema, um quarup gravado in-loco diretamente da tribo dos Urubu-Kaapor na Amazônia!” Tipo isso.


Ouvir uma música tocada pelos Índios Tabajaras gerava uma expectativa meio surrealista. Com dez anos, sentado no sofá da casa da Rua Miguel Couto, eu ouvia o rádio enchendo a sala, não com um quarup cheio de maracás e bate-pés, mas dois violões (ou guitarras com eco, tipo havaiana) de límpido timbre, solando: “Maria Helena és tu... a minha... inspiração...” É pena que esta coluna seja em mero papel, leitor, mas os Índios Tabajaras que mesmerizaram minha infância podem ser escutados hoje no YouTube. Por exemplo, seu lado romântico e melódico está em “Begin the Beguine” de Cole Porter (somente áudio: http://tinyurl.com/2ga3du3), no tema de “Johnny Guitar” (somente áudio: http://tinyurl.com/26sm33d). Mas imaginem o pasmo dos gringos vendo-os, paramentados de índio, tocando clássicos como a “Hora Staccato” de Grigoras Dinicu (http://tinyurl.com/2fdzf68).

Nasceram na serra do Ibiapaba (CE), foram morar na cidade, aprenderam a tocar violão. Tocaram no Brasil inteiro nos anos 1950. Viajaram pelo mundo, e a partir dos anos 1960, com músicas estouradas nos EUA, mudaram-se para lá. No início dos anos 1970 tinham 48 LPs gravados com 8 milhões de cópias vendidas. Muita gente se pergunta por que motivo esses caras foram tão famosos fora do Brasil e hoje ninguém mais lembra deles. Eu diria que, por um lado, eles sofreram da Síndrome de Carmen Miranda, do exotismo que fascina lá fora mas aqui dentro provoca um muxoxo de desconfiança: “Pra que essa palhaçada?... Por que não se vestem como qualquer pessoa?...” O povo brasileiro tem uma relação estatisticamente contraditória coma exploração do próprio exotismo. Mas não há como um norte-americano ou um europeu não ficar embasbacado diante de dois índios tocando peças clássicas impecavelmente, ao violão. Parece cena de um filme de Glauber.

Para terminar, vejam Nato, o solista, explicando com bom humor alguns aspectos de sua técnica: http://tinyurl.com/2bsenp6, e depois dando um arraso naquele número que é um teste tradicional de velocidade, o “Voo do Besouro” de Rimsky-Korsakoff. E um pequeno clip dos dois sendo saudados nos programas de Johnny Carson, Ed Sullivan, etc.

OS TABAJARAS, Interessante!!!

 


A saga de dois índios brasileiros


A saga de dois índios brasileiros

Zuza Homem de Mello

Nem bem acabou de ouvir a faixa de "Maria Elena", Mike Camite exclamou baixinho para si próprio: "That's it!" (é essa!). Produtor do programa matinal de humor "Klavan and Finch" na emissora WNEW, Camite buscava em algum LP antigo um tema para ser usado como vinheta. Vários trechos daquela gravação dos Índios Tabajaras se prestavam lindamente para o que pretendia. Inserida no programa, a velha melodia passou a ser ouvida diariamente por uma grande audiência em Nova York a partir daquele meio do ano de 1963. Com a sonoridade gemida de um violão que lembrava uma guitarra havaiana, a melodia grude/romântico que mexia com o sentimentalismo caiu no gosto dos ouvintes, provocando centenas de cartas, que se amontoavam, pedindo informações sobre o disco. Ainda sem acreditar muito, a gravadora abriu os olhos e revirou seu catálogo ao vislumbrar um hit.
O LP fora gravado em 1957 e a RCA tratou de aproveitar a maré relançando "Sweet and Savage", que vendeu 5 mil exemplares logo de cara e, com o tempo, chegaria próximo da marca do milhão. Os Índios Tabajaras, uns "brazilians" que ninguém sabia onde tinham se metido, precisavam ser localizados rapidamente, a todo custo, para gravar disco novo. Assim, quase por acaso, a canção mexicana "Maria Elena" viveu seu segundo ciclo de sucesso. A gravação esquecida chegou a ficar 14 semanas no "hit parade" americano, em que atingiu o sexto lugar, bem como o terceiro na lista da revista "Billboard" e alcançou quase 500 mil discos vendidos entre Inglaterra e Itália. Quem mais fazia sucesso em 1963 nos EUA, concorrendo com aquela simplória versão do duo de violões, uns indígenas desconhecidos? Apenas "Surfin' USA" dos Beach Boys; "She Loves You", "Twist and Shout" e "I Want to Hold your Hand", dos Beatles; "If I Had a Hammer", com Trini Lopez; "Days of Wine and Roses", com Andy Williams.
"Maria Elena" ("Tuyo Es Mi Corazón") foi composta pelo mexicano Lorenzo Barcelata (1898-1943) em 1932. É uma elegia de amor à mulher que idealizou como "...eres mi fé, mi diós, mi amor". Ninguém menos a quem a canção foi diplomaticamente dedicada: a senhora Maria Elena Torres Espinel, mulher do presidente Emilio Portes Gil. Gravada pelos Hermanos Castillas e incluída no filme mexicano, "Maria Elena" também podia ser ouvida, em 1935, na trilha de "Bordertown", com Bette Davis e Paul Muni. Foi o estopim para ser gravada por orquestras e cantores americanos. A letra em inglês foi feita por Bob Russell, habituado a faturar alto em versões, como a que fizera para o bolero "Frenesi" e a que faria para "Aquarela do Brasil".
Nos EUA, "Maria Elena" era destinada à melosa orquestra de Lawrence Welk, mas quem de fato fez algum sucesso nesse ano de 1941 foi o bonitão Bob Eberly, "crooner" na "big band" do clarinetista Jimmy Dorsey, abrindo o caminho para numerosas interpretações. A que ficou mais conhecida no Brasil foi em castelhano, com o insuperável Nat King Cole no disco de 1958 "Cole Español Canta Boleros". Esse foi o LP que estendeu tapete vermelho para sua fama na América Latina, consagrando-o em definitivo durante a lendária temporada de uma semana, no Teatro Paramount de São Paulo, como uma das primeiras atrações internacionais da TV Record.
Com o "H" no início de Elena, a composição de Barcelata teve sua versão em português feita pelo experiente Haroldo Barbosa, para ser gravada, em julho de 1942, pelo cantor Francisco Alves. Mas a sonoridade que encantou o mundo, sendo depois imitada fartamente, foi a desse duo de violonistas, praticamente uns joões-ninguém no país onde nasceram e viveram boa parte da vida. Os Índios Tabajaras são personagens de uma verdadeira saga na música.

"Maria Elena" fora gravada nos estúdios da RCA em Nova York por dois índios de verdade que viveram nas selvas brasileiras sem contato com a civilização até os 15 anos. Por serem o terceiro e quarto irmãos de uma família descendente da tribo dos tabajaras, na serra de Ibiapaba, divisa do Ceará com o Piauí, receberam, como mandava a lógica tupi, nomes que indicavam suas posições cronológicas no conjunto de 14 filhos do cacique Ubajara: Mussaperê e Herundy.
Em 1933, ambos decidiram deixar a tribo, empreendendo uma aventura maluca que duraria três anos: conhecer o Rio. Inicialmente no Cariri, foram batizados com nomes cristãos Antenor e Natalicio Moreira Lima, respectivamente, sob a orientação do tenente Hildebrando Moreira Lima, membro de um destacamento que, no contato com o núcleo indígena em seu hábitat, deixou os irmãos seduzidos quando ouviram violão pela primeira vez. Caçando e pescando para sobreviver na viagem a pé, encontraram no caminho um violão abandonado, depois uma viola velha e, por conta própria, foram aprendendo a manusear os instrumentos, tocando em feiras do Nordeste em troca do que sequer sabiam da existência: dinheiro. Com ajuda do governador da Bahia, chegaram ao Rio de navio, em 1937.
Por cinco anos conseguiram sobreviver em circos e feiras fluminenses, entoando cânticos que conheciam e se acompanhando rudimentarmente ao tempo em que renegavam sua origem indígena por temer que pudessem ser presos e mortos. Pois foi justamente essa a exigência que lhes fez o apresentador Paulo Roberto, da Rádio Cruzeiro do Sul, para que pudessem ser contratados pela emissora: os dois irmãos deveriam se apresentar como índios mesmo, trajando cocares de penas e dedilhando seus instrumentos no estilo simples e emotivo que aprenderam sozinhos. Já alfabetizados, Os Índios Tabajaras passaram a ser uma atração exótica nos cassinos brasileiros, foram contratados pela RCA e, a partir de 1944, atuaram em países da América Latina, chegando ao México.
Mais sagaz dos irmãos, o solista Natalicio começou a aprender música clássica tocando de ouvido peças de Chopin, Mozart e Liszt. Inventivo e ousado, fabricou um instrumento com 26 trastes para obter notas mais agudas e manteve seu estilo calcado num vibrato que soava como se plugado no "reverb" de um violão eletrificado. Em seguida vieram convites para espetáculos na Europa, provocando maior abrangência e variedade no repertório. Ao retornar, enfrentaram a frustração de continuar praticamente ignorados em seu país. Nos poucos discos gravados, apenas um relativo sucesso em 1954 com "Pássaro Campana", do folclore paraguaio, em adaptação de Nato, o Natalicio.
A decepção de uma carreira brasileira comparada com a do exterior incentivou-os a viajar novamente. Em Nova York, foram levados pelo produtor Herman Diaz Jr. a gravar seu primeiro LP, sem repercussão alguma, apesar de promovidos em televisão, inclusive no "Ed Sullivan Show". A primeira faixa era "Maria Elena". Desanimados também nos EUA, desistiram da carreira. Em 1960 retornaram ao Brasil e foram morar em um sítio em Araruama, afastado 100 km da vida artística carioca.
Quando os representantes da RCA brasileira, intimados pelo desespero da matriz americana, conseguiram localizá-los na sua pacata vida de sitiantes, apressando-os a embarcar para Nova York a fim de gravar novos discos, os dois irmãos não conseguiram acreditar. E era verdade. Comendo caviar em um dos melhores hotéis de Manhattan, os índios receberam um cheque de US$ 70 mil e logo entraram novamente em estúdio. Retomaram a carreira, porém, numa roda-viva e bem diferente. De 1964 em diante, Os Índios Tabajaras foram tratados como superstars internacionais.
Gravaram muito mais, chegando a ter mais de 20 LPs em catálogo, contendo standards americanos, internacionais e poucos temas brasileiros, nem sempre com as harmonias corretas ("Moonlight Serenade", "Stardust" e "Cariñoso"). Eram convidados frequentes para o "talk show" de Johnny Carson na televisão; apresentaram-se em palcos da Europa e do Japão com vestimentas de índio, em repertório folclórico, e a rigor nos concertos, em que, por vezes, eram acompanhados por orquestras sinfônicas. Tocaram Chopin e o velocíssimo "Hora Staccato" no Alice Town Hall do Lincoln Center e tinham ainda esse retrospecto inacreditável para preencher as espantosas entrevistas em inglês de Nato, que, além de ter procurado estudar música clássica, falava cinco línguas.
Após o casamento com a pianista japonesa Michiko Mikami, que, em 1979, ocupou a posição do parceiro Antenor, já cansado de tanto viajar, Nato estabeleceu-se em Nova York, mas ainda cheio de planos com a combinação do novo duo, violão e piano. O capítulo final dessa novela, cuja trilha musical só pode ser "Maria Elena", se passa em Londres em junho de 2003 e não está escrito em nenhuma das numerosas reportagens sobre Os Índios Tabajaras, incluindo a do "New York Times", em 1981, e as de sites brasileiros. Encantado com a sonoridade que ouviu num CD da premiada violonista canadense Amanda Cook, gravado numa igreja, Nato contatou o engenheiro de som responsável, John Taylor, desejoso por gravar novas composições em violão solo, o que ainda não havia feito. Fez questão que a gravação fosse na mesma igreja de St. Thomas em Pagham, próxima de Sussex, no oeste da Inglaterra.
Concluídos os detalhes, Taylor apanhou o casal Nato e Michiko no hotel de Londres para a viagem daquela mesma tarde a Pagham. Nada foi gravado na sessão do primeiro dia, pois Nato preferia, sem nenhuma pressa, alongar-se em descrever as peripécias de seu passado.
Na manhã seguinte, após exercitar-se ao violão por uma hora, decidiu gravar apenas uma peça rápida depois do almoço, num pub próximo. No terceiro dia, gravou três peças ("Blue Yonder", de sua autoria, e mais duas composições de seu amigo guitarrista americano Jimmy Staff), num total de sete a oito minutos de música. Insuficiente para um CD, mas estranhamente o bastante para satisfazer o violonista. Mesmo aos 85 anos, Nato conseguia executar com certa rapidez passagens difíceis que haviam deslumbrado plateias e conservava o impressionante vibrato ao violão usando dois dedos nos intervalos de terças ou sextas.
Retornando a Londres com esse parco material, Nato e Michiko jantaram com a violonista Amanda na casa dos Taylor, John e sua mulher, Judy. Nato e Amanda tocaram violão e, no dia seguinte, regressaram a Nova York. Provavelmente essas foram as últimas gravações de Natalicio Moreira Lima, que iria morrer em novembro de 2009, em Nova York. Seu destino? A resposta pode vir um dia, em sintonia com a saga desses fenômenos, Os Índios Tabajaras. Reverenciados no mundo, menos no Brasil.


02/01/2015

Autor: MELLO, Zuza Homem de

Fonte: Valor Econômico, EU& , p. 24-25

BANCO DE BIOGRAFIAS

REPLAY GRUPO DE MÃES DE ALUNOS

  da  ESCOLA  GRIJALVA  COSTA,  no  centro  de  Ubajara.  Década  de  70 A  professora,  em  pé,  ao  fundo,  era  Zuleide,  que  foi  morar...