terça-feira, março 07, 2023

Sobre ABDELKADER MAGALHÃES, RAIMUNDO MAGALHÃES JÚNIOR e Monsenhor Gonçalo Eufrásio

 


FOI  QUASE  SEM  QUERER

 

           Foi andando  na  Internet  que  encontrei.  A  princípio,  buscava  eu  informações  sobre  o  advogado  Abdelkader  Magalhães.  E,  sem  querer,  querendo”,  encontrei  umas  coisas (    dias  vi  uma  nota  sobre  “as  coisas”),  bastante  interessantes.  A  fonte  é  a  Revista  do  Instituto  do  Ceará.

           A  primeira  que  vou  aqui  expor  é  sobre  a  figura  de  Monsenhor  Eufrásio  ou  mais  precisamente  monsenhor  Gonçalo  Eufrásio  de  Oliveira,  este  nascido  “na  próspera  cidade de  Ubajara,  sobre   a  serra  da  Ibiapaba”,  em  23  de  novembro  de  1903.  Neste  tempo,  Ubajara  era  ainda  distrito  de  Jacaré,  pertencente  ao  município  de  São  Pedro  de  Ibiapina.  Gonçalo  era  filho  de  Joaquim  Eufrásio  de  Oliveira  e  de  dona  JOANA  Maria  Eufrásio  de  Oliveira.  Estes  dados    me  eram  do  conhecimento. 

          É  bom  referir  que,  no  artigo  “Cantinho  da  Saudade”, contido  no  blog  de  Artemísio  Costa, de  Sobral,  consta  que  a  mãe  de  Joaquim  era  JOVINA  Maria  de  Jesus  Eufrásio.  E  esta  é  a  informação  que  registrei  em  meu  “A  Histório  Política,  Social  e  Religiosa  de  Ubajara  em  Atos  e  Fatos,  datas  e  fotos”,  a  publicar. 

          Bem,  na  verdade,  a  informação  que  me  interessou  foi  sobre  o  pendor  literário  do  monsenhor  Eufrásio.  Está  dito  na  Revista  do Instituto  do  Ceará,  página  218,   que  monsenhor  Eufrásio  era  colaborador  de  alguns  jornais  da  época.  “(...) vem  prestando  os  seus  bons  serviços  à  educação da  mocidade,  como  vice  -  diretor  e  professor  do  Ginásio  Sobralense.(...)  É  colaborador  do  Correio  da  Semana,  do  Debate,  do  O  Ginásio  e  da  Betânia  e  dirige  a  Congregação  Mariana  Ginasial,  do  Ginásio  Sobralense”.    Ou  seja,  Monsenhor  Eufrásio  transitava  no  meio  cultural  sobralense,  participando  ativamente  como  colaborador  de  jornais  na  cidade  de  Sobral.

         Abdelkader  Magalhães

         Nas  anotações  de  Hervé  Salgado  Rodrigues,  na  biblioteca  de  ESTUDOS  FLUMINENSES,  depois  de  muito  ralar,  dei  de  cara  com  informações  valiosas  sobre  Abdelkader  Magalhães,  advogado  e  jornalista.   Abdelkader  viveu  parte  de  sua  vida  em  Campos,    no  estado  do  Rio   de  Janeiro.    instalado,  para  lá,  levou  Raimundo  Magalhães  Júnior.  O  texto  com  cortes: “Terminado  o  censo   de  1920,  por  aqui  ficou  um  funcionário do  mesmo,  que,  desempregado,  pegou  o  posto  de  revisor  da  Folha  do  Comércio. (...)  “Quem  o  redigia ( o  artigo  de  fundo)  no  mencionado  jornal (  Folha  do  Comércio )  era  Thiers  Cardoso,  o  musicista  da  “Marcha  Brasil”  e  que  seria  deputado  federal.  Thiers  adoeceu   (...)  e  José  Carlos  Pereira  Pinto,  presidente   da  Associação  Comercial  e  automaticamente  diretor  da  Folha  do  Comércio,  pôs  as  mãos  na  cabeça:  quem  iria  redigir  o  artigo  de  fundo?  Foi  quando   o   revisor  anônimo  se  ofereceu  para  a  tarefa.    Carlos  mirou – o,  descrente.  Mas  o  cidadão  insistiu; era  quem  revisava  os  artigos,  conhecia  a  linha  política  do  jornal,  deixasse  que  ele  tentasse. Escreveu.  Uma  beleza.  Melhor  do  que  os  artigos  de  Thiers  Cardoso.  Então  o   Carlos  apertou  o  homem,  que  se  identificou:  era  cearense, ( de Ubajara ),  advogado  e  escondera  esta  condição  envergonhada  por  ter  que  apelar  para  o  emprego  eventual  de  funcionário  do  Recenseamento.  Era   Abdelkader  Magalhães,  cujo  talento  brilharia  em  Campos.  Mandou  ele,  então,  buscar  dois  sobrinhos  no  Ceará.  Um  era  o  Raimundo  Magalhães  Júnior,  que  se  tornaria  figura  de  destaque  nos  meios  literários  nacionais,  membro  da  Academia  Brasileira  de  Letras.  Estudou  no  liceu  e  começou  a  carreira  jornalística  na  “Folha  do  Comércio”.  Abdelkader  Magalhães  brilharia  no  Foro de  Campos  como  advogado  e  seria  eleito  deputado (...).  Era  um  homem  de  grande  talento.  Em  1930  a  tragédia  se  fez  presente  em  sua  vida:  matou  ele  um  pacato  alemão,  mecânico  da  fábrica  de  tecidos,  crime  cometido  sob  uma  ação  de  excessos  etílicos.   Desapareceu  o  dr.  Abdelkader,  vivendo  sob  nome  suposto  no  interior  de  Goiás,    revelando  sua  verdadeira  identidade  na  hora  da  morte.  O  triste  episódio  aconteceu  em  1930  e  Raimundo  Magalhães  se  mudou  para  o  Rio,  onde  começaria  no  vespertino  “A  Noite”  sua  valiosa  carreira  de  jornalista  e  escritor.  Infelizmente -  e  o   fato  não  tem  explicação -  como  que  riscou  campos  de  sua  biografia,  guardando  mágoa  da  cidade  que  o  acolheu,  coisa  que  não  fez  nunca  nenhum  sentido”. 

                                                                       Por  Messias  Costa. 7  de  mar 2023  


Raimundo Magalhães Júnior UMA BIOGRAFIA DO INCANSÁVEL

 


Raimundo  Magalhães  Júnior

por

Cláudio César Magalhães Martins,  da  Academia  Ipuense  de  Letras,  Ciências  e  Artes

 

Acredito que poucos saibam quem foi Raimundo Magalhães Júnior, um cearense brilhante e que nasceu em um município muito próximo à cidade de Ipu.  Explico-me: o personagem objeto deste artigo veio ao mundo na cidade de Ubajara, em 12 de fevereiro de 1907. Seu pai, o jornalista Raimundo Magalhães, foi autor do VOCABULÁRIO POPULAR, obra publicada em 1911. Aos 17 anos, transferiu-se para a cidade de Campos (RJ), onde fez os estudos de Humanidades e se iniciou no jornalismo. Em 1930, mudou-se para o Rio de Janeiro, então Distrito Federal, e, já no ano de 1934, lançou o seu primeiro livro de contos sob o sugestivo título “Impróprio para menores.” Espírito irrequieto, foi um dos fundadores do Diário de Notícias, secretário da revista “A Noite Ilustrada” e diretor das revistas “Carioca”, “Vamos Ler” e “Revista da Semana.”

Em 1930, como redator de “A Noite”, foi enviado ao Paraguai para cobrir a Guerra do Chaco, que aquele país travava contra a Bolívia.. Em 1933, casou-se com Lúcia Benedett i, escritora e autora

de peças para o público infantil. Em 1938, escreve a peça Mentirosa, a qual foi premiada pela Academia Brasileira de Letras. Entre 1939 e 1942, seis peças de sua autoria entram em cartaz no Rio de Janeiro e em São Paulo. São elas: O Testa de Ferro, Carlota Joaquina, Um Judeu, a Família Lero-Lero, Casamento no Uruguai e Trio em Lá Menor.

Fugindo à perseguição política da ditadura de Getúlio Vargas, seguiu para os Estados Unidos em 1942, onde permaneceu até 1945, passando a trabalhar no escritório de Nelson Rockefeller, que, à época, era Coordenador de Assuntos Interamericanos. Neste período, foi colaborador do The New York Times, Pan-American Magazine, American Mercury e Theatre Arts. Ao retornar ao Brasil, participou da redação da revista Brazilian- American, que então era publicada em inglês no Brasil.

Como tradutor do escritor americano Tenessee Williams, verteu para o português as peças Anjo de Pedra, A Rosa Tatuada e Gato em Teto de Zinco Quente. Poliglota que era, traduziu para a nossa língua inúmeras obras teatrais do inglês, francês, italiano e espanhol, obras essas que eram representadas no Teatro Maria Della Costa e Teatro Brasileiro de Comédia. Embora suas traduções fossem elogiadas pela crítica por sua fidelidade aos textos originais, o mesmo não  ocorreu com as adaptações que realizou.

Na década de 1950, adaptou para o cinema, sob o título  João Gangorra, a peça Essa Mulher é Minha, que vinha sendo protagonizada no teatro por Procópio Ferreira. Na mesma década, escreveu O Imperador Galante, biografia  a dramática de D. Pedro I, encenada no teatro pela Companhia Dulcina-Odilon. Neste período, logrou eleger-se vereador do Distrito Federal pelo Partido Socialista Brasileiro (PSB), exercendo dois mandatos: 1951-55 e 1955-59. Em 1953, publicou a biografia de Arthur Azevedo, primeira de uma série de biografias, entre as quais se destacam Martins Pena e Sua Época e As Mil e Uma Vidas de Leopoldo Fróes. Publicou também contos, antologias poéticas, dicionários de citações, provérbios e frases feitas.

Em 9 de agosto de 1956, foi eleito para a cadeira nº 34 da Academia Brasileira de Letras, anteriormente ocupada por  João Manuel Pereira da Silva, pelo Barão do Rio Branco, pelo Gal. Lauro Müller e por D. Francisco de Aquino Correia. Foi o 5º cearense a chegar à Academia. Antes dele, lá estiveram Araripe Júnior, Clóvis Bevilácqua, Heráclito Graça e Gustavo Barroso. Como acadêmico, exerceu por muitos anos a função  de redator-chefe da revista Manchete. Teve atuação destacada como autor de radionovelas, que eram apresentadas na Rádio Nacional. Criou o  programa Acredite se Quiser, o qual apresentava, entre outras histórias, casos de aparições de fantasmas. Participou, nos anos 50, do processo de implantação da televisão no Brasil, sendo um dos diretores da TV Tupi. Indagado sobre como arranjava tempo para suas múltiplas atividades, respondeu: “O dia dura 36 horas, quando sabemos esticá-lo por ambas as extremidades. Uma  consiste em dormir tarde. Outra consiste em acordar cedo.” No ano de 1964, lançou sua obra mais polêmica: Rui: o Homem e o Mito, onde procura desconstruir o mito criado em torno de Rui Barbosa, apontando contradições e impropriedades em suas ações políticas e em suas obras. O livro provocou a ira dos admiradores de Rui, como se vê no texto abaixo, de Américo Jacobina Lacombe, então diretor da Casa de Rui Barbosa:  “Das páginas daquele cartapácio, quem sai realmente arrasado não é Rui Barbosa; é o título de biógrafo pretendido pelo organizador. Se ele tivesse ao menos realizado uma compilação de velhos inimigos de Rui Barbosa: Laet, Moniz Sodré, Barcelos, Seabra, Bagdócimo, fazendo uma antologia contra o biografado, teria reeditado muita calúnia destruída, mas teria fornecido ao público algumas páginas de boa literatura.

Querendo dizer coisa nova, não conseguiu ultrapassar o mau panfleto. Do ponto em que colocou o estudo não é possível partir para fazer a revisão de qualquer figura histórica a que fazem referência os noticiaristas apressados”. Sobre a personalidade de Raimundo Magalhães Jr., assim se expressou Murillo Melo Filho, seu colega na ABL e na revista Manchete: “Tinha um apetite de escritor e pesquisador, simplesmente  insaciável, que não conhecia limites. Aí também pudemos admirá-lo como um brasileiro honesto e honrado em  suas posições políticas e convicções ideológicas, um fanático na disciplina e na pontualidade de entregar, nos prazos certos,

os seus projetos literários, de livros, peças teatrais e traduções, um exemplo de correção e de lisura em suas atitudes de intelectual  digno e capaz, um companheiro leal e correto, generoso e  atencioso, e que por algum tempo esteve entre aqueles  poucos boêmios com os quais qualquer colega gostaria de fazer uma grande farra” .

O mesmo colega o descreve, sob o ponto de vista físico, como sendo baixo e atarracado, com apenas 1,60 m de estatura,  “algo vesgo e estrábico, características que não o aproximavam

muito de um elegante Apolo. Mas era, ao mesmo tempo, um homem encantador, de prosa culta e erudita, ajudado por uma memória prodigiosa.” Em certa ocasião, Adolpho Bloch, proprietário da Manchete, mandou desligar a refrigeração do seu ambiente de trabalho. Em sinal de protesto, Magalhães tirou a camisa, revelando o seu busto assaz feio e ameaçando tirar o resto da roupa, o que fez Adolpho Bloch retroagir de sua determinação. Sua morte foi trágica e inesperada. Em 12 de dezembro de 1981, ao descer de um ônibus no sinal da Rua Silveira Martins com a Praia do Flamengo, no Rio, e tentar cruzar o asfalto para chegar ao seu local de trabalho, na redação da Manchete, foi atropelado por um carro em alta velocidade, vindo a falecer. Tinha, então, 74 anos de idade. Eis um breve perfil do ubajarense Raimundo Magalhães Júnior, personagem que honrou a cidade onde nasceu e o próprio Estado do Ceará. Ubajara prestou-lhe justa homenagem,

ao inaugurar, em 23 de dezembro de 2008, uma Casa de Cultura que leva o seu nome, a qual abrigará o Memorial de seu filho ilustre.   Por sua inteligência, produtividade e amor ao trabalho,

Murillo Melo Filho o cognominou de “um operário da inteligência”, título que dá nome ao presente artigo.

Nota do autor:

As informações contidas neste trabalho foram obtidas

através do GOOGLE, mediante consulta aos títulos “RAIMUNDO

MAGALHÃES JR” e “RUI, O HOMEM E O MITO.


BANCO DE BIOGRAFIAS

REPLAY GRUPO DE MÃES DE ALUNOS

  da  ESCOLA  GRIJALVA  COSTA,  no  centro  de  Ubajara.  Década  de  70 A  professora,  em  pé,  ao  fundo,  era  Zuleide,  que  foi  morar...