quinta-feira, setembro 08, 2022

BB - Banco Biográfico: PEDRO FERREIRA DE ASSIS

 IBIAPINENSE,  MAIS  UBAJARENSE...


A  TÍTULO  DE  BIOGRAFIA

PEDRO  FERREIRA  DE  ASSIS

 

 

             Não é a morte física que faz desaparecer o homem do cenário do mundo; o que líquida a memória da gente é o desprezo da humanidade.  Os feitos nobilitantes e as virtudes do justo imortalizam o nome daquele que se foi para a eternidade.

            Pedro Ferreira de Assis não podia deixar  de ser incluído entre figuras que se perpetuarão na história do Ceará.   Nasceu na cidade de Ibiapina, na velha Ibiapina, aos 4 dias do mês de outubro de 1881, em berço humilde, embora tenha sangue nobre.  Dotado de inteligência rara e perspicaz, muito cedo conquista os caminhos do mundo. Aprendeu a ler e escrever por conta própria, estudou sozinho o quanto pode e, nessa condição de autodidata, foi muito mais longe do que dele se poderia esperar. Como operário plantou roçados, cultivou cafezais e canaviais manejando o duro cabo da enxada e foice até fazer o seu “pé de meia” e daí lhe foi mais fácil reunir maiores economias e tornar - se grande proprietário agrícola. Continuou estudando, pesquisando e lendo obras importantes de autores nacionais e estrangeiros, até adquirir conhecimentos gerais de quase todas as ciências em voga.

            Publicou catorze livros diversos, de poesia, romance, sociologia, geografia etc. Pronunciou conferências, organizou mapas geográficos da região recebendo prêmios do Instituto Geográfico Brasileiro. Escreveu,  ainda,  crônicas e artigos focalizando problemas vitais do Ceará. A sua última produção literária constou de um discurso que redigiu às  vésperas da inauguração do teleférico da Gruta de Ubajara, mas não chegou a pronunciá-lo, como estava programado, porque a viagem derradeira, que é a da eternidade, teve de ser feita antes da solenidade dos festejos  mencionados. Foi um lutador pelo progresso da nossa esquecida e desprezada  Ibiapaba, terra a qual devotou todo seu amor do seu imenso coração de patriota sem mácula. A gruta de Ubajara foi por ele devassada e estudada minuciosamente. No interior da imensa e misteriosa caverna, o escritor e jornalista Pedro Ferreira de Assis armou uma tenda de trabalho e ali se demorou quase uma semana, acolitado por ajudantes e operários, realizando estudos e perquirições importantes, às suas próprias expensas.  Escreveu um mapa cuidadoso de todas as dependências da Gruta  de  Ubajara, proporcionando um contribuição valiosa à divulgação da maior atração turística do Norte e Nordeste do Brasil.
              Da cidade de Ibiapina, onde nasceu e progredira, tanto econômica como politicamente, tendo sido eleito cinco vezes prefeito da cidade,  o escritor e estudioso Pedro Ferreira de Assis transferiu-se em 1940 para a vizinha encantadora “Princesa da Serra”, o berço de Magalhães Junior. Para a acolhedora Ubajara não levar apenas a família e a bagagem, além dos recursos que já eram vultosos, mas, sobretudo, o seu generoso coração.  Com a sua proverbial cordialidade e espírito comunicativo e amigo, Pedro Ferreira de Assis tornou-se um dos maiores ubajarenses pela simpatia que devotava à terra e pela consideração que dispensava a todo mundo. Na cidade que acolhera para viver e gozar da tranqüilidade ao lado da família recebeu de Deus, após 35 anos, o chamado para a última tarefa do além. E partiu como um justo, no dia 3 de agosto de 1975,  há um ano, portanto. Todos  sentimos a perda irreparável do grande Ibiapabano que foi o escritor, poeta e jornalista Pedro Ferreira de Assis, um dos maiores e mais ricos patrimônios culturais de Ibiapaba, dos últimos tempos, um líder que lutava e se empenhava pelo desenvolvimento da terra cearense, um político que desfraldava uma bandeira limpa e intrépida em prol das reivindicações prementes da Serra Grande;  enfim, um homem honrado, pai de família exemplar e cidadão querido e respeitável que dignificava a  espécie humana e engrandecia a cultura alencarina com o gênio de um autodidata como bem poucos, inteligente, estrênuo e prolífico.
             Os seus restos mortais repousam para sempre na cidade de Ibiapina, sua terra natal, mas o seu nome imortalizado de homem de letras sobrevive e esplende em todo o Ceará.

 


Escrito por Raimundo Eufrásio de  Oliveira,  o  “Radésio  Serrano”
JORNAL CORREIO DO CEARÁ

09/08/1976 – PÁGINA 04  in  Ibiapina  News,  6 agosto  de  2014.


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