terça-feira, agosto 21, 2012

LER VIEIRA - II


I
SEMEN  EST  VERBUM  DEI
( A  SEMENTE  É  A  PALAVRA  DE  DEUS )

“(...) O  ano  tem  tempo  para  as  flores  e  tempo  para  os  frutos.  Por  que  não  terá  também  p  seu  outono  a  vida?  As  flores,  umas  caem,  outras  secam,  outras  murcham,  outras  Lea  o  vento;  aquelas  poucas  que  se  pegam  ao  tronco  e  se  convertem  em  fruto,    essas  são  as  venturosas,    essas  são  as  discretas,    essas  são  as  que  duram,    essas  são  as  que  aproveitam,  só essas  são  as  que  sustentam  o  Mundo”. 

Mudando  a  forma:   

QUASE  POESIA.

“(...) O  ano  tem  tempo  para  as  flores
 e  tempo  para  os  frutos.
Por  que  não  terá  também   seu  outono  a  vida?
As  flores,
 umas  caem, 
outras  secam,
outras  murcham,
 outras  Leva  o  vento; 
aquelas  poucas  que  se  pegam  ao  tronco
e  se  convertem  em  fruto,
   essas  são  as  venturosas,
  essas  são  as  discretas, 
  essas  são  as  que  duram,
  essas  são  as  que  aproveitam, 
só essas  são  as  que  sustentam  o  Mundo”. 


II
SEMEN  EST  VERBUM  DEI
( A  SEMENTE  É  A  PALAVRA  DE  DEUS )

“O  trigo  que  semeou  o  pregador  evangélico,  diz  Cristo  que  é  a  palavra  de  Deus.  Os  espinhos,  as  pedras,  o  caminho  e  a  terra  boa  em  que  o  trigo  caiu,  são  os  diversos  corações  dos  homens.  Os  espinhos  são  os  corações  embaraçados  com  cuidados,  com  riquezas,  com  delícias;  e  nestes  afoga – se  a  palavra  d e  Deus.  As  pedras  são  os  corações  duros  e  obstinados;  e  nestes  seca – se  a  palavra  de  Deus,  e  se  nasce,  na  cria  raízes.  Os  caminhos  são  os  corações  inquietos  e  perturbados  com  a  passagem  do  tropel  das  coisas  do  Mundo,  umas  que  vão,  outras  que  vem,  outras  que  atravessam,  e  todas  passam;  e  nestes  é  pisada  a  palavra  de  Deus,  porque  a  desatendem  ou  desprezam.  Finalmente,  a  terra  boa  são  os  corações  bons  ou  os  homens  de  bom  coração;  e  nestes  prende  e  frutifica  a  palavra  divina,  com  tanta  fecundidade  e  abundância,  que  se  colhe  cento  por  um:  Et  fructum  fecit  centumplum” .

De  SERMÕES,  antologia  de  Vieira:  SERMÃO  DA  SEXAGÉSIMA,  pregado  na  Capela  Real,  em  Lisboa  no  ano  de  1655.  Trata  - se  de  uma  crítica  aos  pregadores  dominicanos,  notadamente  ao  Frei Domingos  de  São  Tomás,  famoso  por  sua  oratória  do  gênero  gongórico,  que  repugnava  Vieira. 

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