quarta-feira, março 23, 2016

DINOVO!! MAGALHÃES JÚNIOR, por menores

              Tomo  a  iniciativa  de  trazer  para  cá  esta  biografia  de  Raimundo  Magalhães  Júnior  pelo  simples  fato  de,  sendo este  importante  para  pesquisadores,  mencionar  PORMENORES  da  vida  do  autor,  bem  como  relacionar  toda  a  sua  obra  que,  por  sinal,  é  bastante  extensa.  Mais  interessante  seria  se  pudesse  também  relacionar  os  nomes  dos  irmãos.



RAIMUNDO  MAGALHÃES JÚNIOR 
 Raimundo Magalhães Júnior nasceu em Ubajara (CE), em 12 de fevereiro de 1907.
Faleceu no Rio de Janeiro (RJ), em 12 de dezembro de 1981.
Filho  do jornalista Raimundo de Oliveira Magalhães e Dona JOVINA DE PAULA  CAVALCANTI.
Magalhães Júnior foi o filho mais velho do casal. 
Aos 2 anos, escapou milagrosamente da morte; seriam seis e pouco da tarde, quando a babá, que o levava escanchado ao colo, foi acender o lampião (era ao tempo dos lampiões de pavio e manga de vidro). Mas o querosene entornou-se e, quando a mocinha riscou o fósforo, aconteceu o desastre: o fogo propagou-se  pelas suas roupas e ela, no desespero, correu para a rua arremessando longe o garoto, para rolar adiante, envolvida pelas chamas. Morreu três dias depois. Quanto a Magalhães, não teve uma só queimadura; mas recordava-se, nitidamente, do pavor experimentado no momento.
Em Fortaleza, o menino foi matriculado na escola pública. Pouco tempo depois, morre-lhe a mãe, de asma, aos 28 anos. Nunca pôde o escritor esquecer o desenlace, tendo em vista, sobretudo, o caráter trágico de que se revestiu: passou o corpo trinta e seis horas em câmara ardente, sem que os médicos consentissem no enterro: tido como morta, Dona Jovina conservava, entretanto, sinais de vida. 
Depois da morte da mãe, voltou o menino para o interior. Mas o pai permaneceu na capital, onde seria vítima de um atentado político, e deixado como morto numa sarjeta, com vários tiros, até que o recolheram à Santa Casa. Apesar de não ter morrido, sua vida não se equilibrou mais.
Em 1914, volta a Ubajara; por essa época, tem o menino um período de despreocupação. 
À altura de 1916, apareceu no lugar um caixeiro-viajante da Editora Jackson, levando exemplares da famosa Biblioteca Internacional de Obras Célebres. Como o preço da coleção era muito alto para as posses dos habitantes locais, quatro deles resolveram cotizar-se e adquiri-la. Por essa época, embora muito jovem, já tinha o futuro jornalista hábito de leitura. Aproximou-se então dos rapazes, e devorou-lhes a coleção. Através dela, tomou contato com diversos autores, entre outros Washigton Irving, cujas narrativas sobre a ocupação mourisca na Espanha o impressionaram fundamente. O mesmo aconteceu em relação a reproduções de obras de arte, e o escritor recorda-se do deslumbramento sentido diante da foto da estátua de Cellini Perseu com a cabeça da Medusa, e cujo original, quarenta anos mais tarde, teria oportunidade de ver em Florença, emocionadíssimo.
Sua grande preocupação, naquela época, eram as pessoas que tinham livro. Infelizmente, o número delas em Ubajara era bem reduzido. Quem poderia ir em sua ajuda era o juiz, que vinha de longe em longe de São Benedito, cabeça de comarca, para visitar o cartório. Assim, fez amizade com o juiz, homem de letras e que possuía todo o Eça. Devorou esse e outros autores e, de sua parte, emprestou ao juiz os livros que o pai lhe remetia do Rio. Foi também nesse período que, através da leitura de Várias Histórias, conheceu Machado de Assis - de quem seria mais tarde grande estudioso. 
Pouco tempo depois, Ubajara tornou-se município, e o primeiro juiz para lá nomeado, beletrista, fundou um colégio de que Magalhães foi aluno. Por influência desse juiz, jacksoniano, tomou contato com a obra de Jackson, tendo lido Pascal e a Inquietação Moderna de que, na realidade, entendeu muito pouco. Mas, de qualquer modo, ia fazendo o seu aprendizado.
Aos 16 anos, veio Magalhães Júnior para o Sul, onde já se encontravam o pai e um tio; tentou o jornalismo inutilmente no Rio, mudou-se então para Campos e, com o auxílio do tio, foi trabalhar na Folha do Comércio. Não abandonou os estudos: tomava aulas particulares e fazia exames parcelados no Liceu.
Dedicou-se ao jornal de tal maneira que, em pouco tempo, chegou a ser seu redator-chefe. Começou também a fazer teatro.
Desde 1927, escrevia peças de teatro e contos, a sua primeira peça foi uma comédia com duas personagens Espírito Encrencado. Ainda nesses tempos remotos de estudante em Campos, através de uma página de Vieira Fazenda, nascer-lhe-ia a idéia de uma de suas peças mais famosas: Carlota Joaquina, escrita em 1938.
Em 1930, mudou-se o escritor para o Rio, indo trabalhar como arquivista em O Malho.
Em 1934, lança Magalhães Júnior seu primeiro volume de contos Impróprio para Menores. 
Tomava-lhe o tempo, sobretudo, o jornalismo, havendo trabalhado numa série de folhas, como A Esquerda, A Batalha, A noite e o Diário de Notícias.
Em 1936, casou-se com Lúcia Benedetti, paulista, professora num colégio de Niterói, e que, por essa época, começava a iniciar-se na literatura. Publica o seu segundo livro Fuga e outros Contos.
Como correspondente no estrangeiro, foi mandado pelo jornal A Noite ao Paraguai durante a Guerra do Chaco, tendo escrito reportagens que foram simultaneamente transcritas em jornais de Assunção (Paraguai) e La Paz (Bolívia). Em missão jornalística, passou três anos nos Estados Unidos. Foi assistente especial do escritório do Coordenador de Assuntos Interamericanos, que era então Nelson Rockefeller, posto em que permaneceu de 1942 a 1944. Colaborou no The New York Times, Pan-American Magazine, American Mercury e Theatre Arts. De volta ao Brasil, participou da redação da revista Brazilian-American, que então se publicava em inglês no Rio de Janeiro.
http://www.linguativa.com.br/laphp/_arquivos/imagenslaasp/bulete_vermelho.jpgNas empresas A Noite, secretariou Magalhães A Noite Ilustrada e, a convite de Vasco Lima, dirigiu a Carioca e lançou o Vamos Ler.
http://www.linguativa.com.br/laphp/_arquivos/imagenslaasp/bulete_vermelho.jpgEm 1940, foi pela primeira vez aos Estados Unidos, onde passou oito meses, traduzindo legendas para filmes, trabalhando em publicidade e enviando artigos para A Noite.
http://www.linguativa.com.br/laphp/_arquivos/imagenslaasp/bulete_vermelho.jpgEm 1941, publicou, em colaboração com Lúcia Benedetti Chico Virabicho e Outras Histórias - literatura infantil.
http://www.linguativa.com.br/laphp/_arquivos/imagenslaasp/bulete_vermelho.jpgNa política, assinou Manifesto da Esquerda Democrática, que se converteu, em seguida, no Partido Socialista Brasileiro, pelo qual, em 1949, foi eleito vereador à Câmara do Distrito Federal, sendo reeleito em 1954.
Em 1952, visitou a Europa como Presidente da Sociedade Brasileira de Autores Teatrais, sendo membro da mesma e seu diretor desde 1959 até o seu falecimento.
Como autor teatral, escreveu mais de três dezenas de revistas, comédias e peças dramáticas, entre as quais sobressaem Carlota Joaquina, O imperador galante, Vila Rica, Canção dentro do pão e Essa mulher é minha
Em 1956, foi eleito para a Academia Brasileira de Letras.
Era um incansável pesquisador, e do seu trabalho de pesquisa resultaram várias biografias, antologias, dicionários, ensaios e, sobretudo, os volumes da obra esparsa de Machado de Assis: Contos sem data, Contos esparsos, Contos avulsos, Contos e crônicas, Contos de Lélio e Diálogos e reflexões de um relojoeiro. Machadiano perspicaz, procurou determinar uma série de revelações sobre o autor de Dom Casmurro.
Como poeta, aparece na Antologia dos poetas bissextos contemporâneos, de Manuel Bandeira. Algumas de suas traduções de poetas franceses são reproduzidas na Antologia da poesia universal organizada por Sérgio Milliet. Como contista, teve trabalhos incluídos nas seguintes antologias: Contos do Brasil, de D. Lee Hamilton e Ned Fahs (EUA); Antologia do Carnaval, de Wilson Lousada; História de crimes e criminosos, de Edgard Cavalheiro e Raimundo de Menezes; Contos e novelas, de Graciliano Ramos; Brazilian Short Stories, de William Grossman.
Obteve vários prêmios literários, entre os quais o Prêmio do Serviço Nacional do Teatro, em 1940; o Prêmio Brasília de Literatura, da Fundação Cultural do Distrito Federal (1972); o Prêmio Juca Pato, como o "Intelectual do Ano", da União Brasileira de Escritores (1974). Antes de seu ingresso na Academia, obtivera os Prêmios Artur Azevedo (teatro), em 1945; José Veríssimo (ensaio e crítica); Carlos de Laet (crônica), em 1945; Prêmio Sílvio Romero (ensaio), em 1953.
Era membro efetivo do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro e sócio correspondente dos Institutos Históricos e Geográficos de São Paulo e do Ceará.
Obras
1. Impróprio para menores, 1934.
2. Fuga e outros contos, 1936.
3. Chico-vira-bicho e outras histórias (literatura infantil), 1942.
4. Janela aberta, 1945.
5. Quero em teu seio adormecer, 1970.
6. O homem que fica (teatro), 1934.
7. Um judeu (teatro), 1939.
8. Mentirosa (teatro), 1939.
9. Carlota Joaquina (teatro), 1940.
10. A família Lero-lero (teatro), 1941.
11. Trio em lá menor  (teatro), 1942.
12. Novas aventuras da família Lero-lero (teatro), 1945.
13. O testa-de-ferro (teatro), 1945.
14. Vila Rica (teatro), 1945.
15. O imperador galante (teatro), 1946.
16. Canção dentro da pão (teatro), 1945.
17. Artur Azevedo e sua época (biografia e ensaio), 1953.
18. Idéias e ../imagens de Machado de Assis (biografia e ensaio), 1956.
19. Machado de Assis, funcionário público (biografia e ensaio), 1958.
20. Machado de Assis desconhecido (biografia e ensaio), 1955.
21.Ao redor de Machado de Assis  (biografia e ensaio), 1958.
22. Três panfletos do Segundo Reinado (biografia e ensaio), 1956.
23. O fabuloso Patrocínio Filho (biografia e ensaio), 1957.
24. Deodoro a espada contra o Império (biografia e ensaio), 1957.
25. Poesia e vida de Cruz e Sousa  (biografia e ensaio), 1961.
26. Poesia e vida de Álvares de Azevedo (biografia e ensaio), 1962.
27. Poesia e vida de Casimiro de Abreu (biografia e ensaio), 1965.
28. Rui: o homem e o mito (biografia e ensaio), 1964.
29. A vida turbulenta de José do Patrocínio (biografia e ensaio), 1969.
30. Martins Pena e sua época (biografia e ensaio), 1971.
31. José de Alencar e sua época (biografia e ensaio), 1971.
32. Olavo Bilac e sua época (biografia e ensaio), 1974.
33. Poesia e vida de Augusto dos Anjos (biografia e ensaio), 1977.
34. A vida vertiginosa de João do Rio (biografia e ensaio), 1978.
35. Dicionário de coloquialismos anglo-americanos, provérbios, idiotismos e frases feitas, 1964.
36. Dicionários de citações brasileiras (dicionário), 1971.
37. Dicionário brasileiro de provérbios, locuções e ditos curiosos (dicionário), 1974.
38. Como você se chama? (dicionário), 1974.
39. De Machado de Assis, Contos e crônicas (obra organizada), 1958.
40. Contos esparsos.
41. Contos esquecidos.
42. Contos recolhidos.
43. Contos avulsos.
44. Contos sem data.
45. Crônicas de Lélio.
46. Diálogos e reflexões de um relojoeiro, 1966.
47. Histórias brejeiras, contos escolhidos, 1962.
Fontes consultadas
Raimundo de Menezes, Dicionário literário brasileiro, 2. ed. 
Academia Brasileira de Letras, Imortais.
Renard Perez, Escritores Brasileiros Contemporâneos, 2.ª série.

                                   Fonte:LINGUATIVA o portal de quem fala  português.  visita: 23mar2016

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