quarta-feira, outubro 17, 2012

de SÁBIO A SABER E A SABOR




O  SENTIDO  DA  FILOSOFIA  COMO  SABEDORIA  HUMANA

            Os  homens  que  buscavam  soluções  racionais  para  todos  os  problemas  eram  chamados  de  sophoi,  isto  é,  sábios,  na  Grécia  do  século   VI  a.C.  Ora, sábio  é  um  adjetivo  de  sentido  vinculado  ao  verbo  latino  “sapere”,  que  significa  “ter  sabor  de”,  como  nesta  frase:”a  carne  de  patos  bravos  sabe  a  peixe”;  nessa  frase  o  verbo  “sapit”  é  intransiutivo  e  significa  “ter  sabor  de”.  Mas  o  verbo  “sapere”,  latino, “saber”  em  português,  quando  usado  na  forma  transitiva  direta,  pode  significar  a  ação  de  saborear,  de  perceber  ou  reconhecer  pelo   sabor,  como  nesta  expressão  de  Cícero  “recta  sapere”  que  se  traduz  por  sentir  o  sabor  das  coisas  corretas,  ou  seja,  reconhecer  aquilo  que  é  certo.
           Assim  como  se  pode  distinguir  pelo  paladar  o  que  está  bom  do  que  está  deteriorado,  o  que  é  bom  do  que  é  ruim,  como  fazem  desde  muito  cedo  as  criancinhas,  também  pode – se  discernir  pela  razão  o  que  é  certo  e  o  que  é  errado,  o  que  é  correto  e  o  que  é  incorreto.  Sabedoria  é,  pois,  a  capacidade  de  saborear,  de  perceber  as  coisas  do  espírito,  de  reconhecer  o  que  é  bom,  o  que  é  verdadeiro,  o  que  é  justo.  Sábio  é  o  homem  que  julga  com  acerto.  Assim  como  o  paladar  não  se  engana,  também  a  mente  do  sábio  não  erra  em  seus  julgamentos.   
          No  século  VI  a.C,  Pitágoras  celebrizou – se    entre  os  sábios  da  Grécia,  embora  não  aceitasse  a  denominação  de  sábio;  julgou  a  expressão  imprópria  e  presunçosa  e  preferiu  denominar – se  filósofo,  e  não  sofos,  isto  é  devotado  à  sabedoria  e  não  sábio.  (...)  Daí  por  diante  o  nome  de  sábio  mudou – se  para  filósofo  e  o  nome  de  sabedoria  para  filosofia.

                                     Fonte:  Ruiz,  João  Àlvaro,  1928-.  Metodologia  Científica: guia  para  eficiência  nos  estudos.  São  Paulo,  Atlas, 1979.106.p 

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