quarta-feira, agosto 05, 2015

AS MINAS DE SALITRE DE PINDOBA, em 1805




O  LABORATÓRIO  PARA  REFINO  DO  SALITRE  DAS  MINAS  DE  PINDOBA,  em  1805

“As ocorrências de salitre foram objetos da dedicação de Feijó, em diversas regiões da Capitania do Ceará, tendo sido construídos pelo menos dois laboratórios para extração do produto, que funcionaram regularmente entre 1800 e 1805 (16). Feijó empreende suas primeiras investigações sobre o salitre na região de Tatajuba, pois, segundo ele, tratava-se de uma mina muito fecunda. Ali constrói um laboratório em finais de 1799 que chegou a funcionar regularmente, recebendo provisões do Estado. Em julho de 1804, na administração do governador João Carlos Augusto Oyenhausen, o laboratório é transferido para a localidade de Pindoba, na Serra da Ibiapaba. As razões dessa mudança são dadas pelo próprio Feijó em longos ofícios enviados ao citado governador (17). Segundo o naturalista, a produção em Tatajuba estava "empobrecida e deteriorada". Ao examinar as nitreiras em Pindoba e arredores, Feijó chega à conclusão que a transferência seria um bom negócio. De suas diligências na região de Pindoba "que me certificaram ser abundantes de minas e salitre", o naturalista sugere que seu aproveitamento seria de grande vantagem para Sua Alteza Real. Para convencer as autoridades, faz um paralelo entre as nitreiras de Tatajuba e as de Pindoba apontando, entre outras coisas, a maior riqueza das últimas, sua proximidade com "olho d'água" - daí a possibilidade de, no mesmo lugar, se extrair e purificar o produto para ser "logo conduzido ao porto do embarque para Lisboa" - , e a menor distância entre Pindoba e o porto mais próximo. Sugere ainda que se aproveitasse o mais rápido possível os produtos de Pindoba, erguendo ali oficinas de extração e refinação, abrindo as estradas necessárias, trazendo as caldeiras de Tatajuba, no intuito de poupar gastos. O laboratório de Tatajuba foi extinto em 1803 pela decadência em que se achavam as minas de salitre da região, conforme dito pelo próprio Feijó. O de Pindoba em 1805 porque

prometendo o naturalista fazer no primeiro ano uma porção de salitre como se verifica do ofício nº 3, exigindo para este estabelecimento a quantia de 200$000 ao muito, o resultado, findo o tempo, tendo-se despendido a quantia de 740$000 réis, foi somente uma amostra de salitre, em conseqüência do que foi mandado suspender o mencionado laboratório pelo sobredito Exmo. Governador, como declara o naturalista na Representação que vai por cópia sob nº 118.

Trecho  do  livro 
UMA LEITURA CONTEXTUALIZADA DA MEMÓRIA SOBRE A CAPITANIA DO CEARÁ (1814)"
DO NATURALISTA JOÃO DA SILVA FEIJÓ (1760-1824)

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